A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) está a negociar com 20 unidades hoteleiras de Vila Real para aumentar a oferta de alojamento a estudantes, um projeto que visa também dinamizar a economia local.

“A redução de camas na UTAD é de cerca de 30% e estamos a tentar compensar. Por outro lado, é previsível que o número de colocados seja superior, uma vez que há maior número de candidatos”, afirmou hoje o reitor da UTAD, António Fontainhas Fernandes.

Devido às novas normas impostas pela Direção-Geral da Saúde (DGS) por causa da covid-19, a academia transmontana reduziu o número de camas disponíveis nas residências das 532 para as 358 (menos 174), uma situação que veio agravar as dificuldades sentidas pelos estudantes ao nível do alojamento na cidade de Vila Real.

Para minimizar o problema, a UTAD está em conversações com 20 unidades hoteleiras com o objetivo de alargar a oferta de alojamento a estudantes.

Hoje, celebrou-se um protocolo entre a UTAD, a Associação Académica e as primeiras quatro unidade hoteleiras da região, numa cerimónia que contou com a presença do secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, João Sobrinho Teixeira.

Para o governante, este protocolo “é demonstrativo do esforço coletivo” que está a ser feito para dar resposta ao “problema do alojamento estudantil”, que “agora se agrava com a questão da covid-19 e a diminuição da capacidade das residências, tendo em conta as normas da DGS”.

Em todo o país, segundo o secretário de Estado, está previsto disponibilizar cerca de 4.500 camas para alojamento de estudantes do ensino superior em alojamentos locais e hotéis.

“Este é um ano especial por um acontecimento infeliz que é a covid-19 e é um ano especial por um acontecimento feliz que é a procura do ensino superior que se acentuou”, salientou.

Fontainhas Fernandes, também presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), disse ainda que o Governo, “para além de aumentar o número de bolsas e de alterar o limite de elegibilidade, também vai apoiar os estudantes sem alojamento com um complemento que pode chegar aos 219 euros”.

A oferta de alojamento é dirigida a estudantes da UTAD, de todos os ciclos de estudos, tendo sido criada uma comissão que irá fazer a monitorização do processo.

Em Vila Real, cerca de 70% dos estudantes universitários são deslocados e 40% beneficiam de bolsa de ação social.

Cerca de 90% dos alunos necessitam de encontrar uma solução no mercado privado.

José Pinheiro, da Associação Académica da UTAD, classificou a medida como positiva, mas apontou que resolve apenas temporariamente o problema da falta de alojamento estudantil, considerando que a sua resolução passa por aumentar o número de camas em alojamento público.

Num ano marcado pela pandemia, o responsável lembrou que muitas famílias estão em situação frágil e frisou ser necessário fazer com que o “abandono escolar seja o menor possível”.

Hilário Néry, da Casa Cruz, na Campeã, disse que a hotelaria teve “bastantes baixas, apesar de ter no verão ter conseguido recuperar alguma coisa”.

“Esta proposta que nos é feita pela UTAD é interessante porque vamos ter uma ocupação ao longo do ano com pessoas que vivem a região. O objetivo é minorar a situação que o alojamento está a sofrer e também promover solidariedade”, salientou.

A Casa Cruz tem seis quartos, mas o empresário possui mais 10 quartos em outras duas unidades.

“Vamos afetar ao projeto os quartos que forem necessários e vamos tentar também que a oferta seja divulgada pelas famílias dos estudantes”, frisou.

Celeste Gonçalves, do Hotel Miraneve, elencou as vantagens para a unidade hoteleira e para os estudantes.

“Como calhou numa altura em que infelizmente o turismo está com uma baixa bastante grande, podemos juntar o útil ao agradável, ou seja dar movimento às nossas casas e favorecermos a nossa cidade”, frisou.

A Quinta do Paço vai disponibilizar quatro quartos para este protocolo, mais oito numa residencial que possui na cidade.

O responsável Pedro Lisboa realçou a parceria com a academia transmontana e referiu que, com exceção de julho e agosto, todos os outros meses foram de meses de quebra.



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