O actual presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCRN) do Norte acaba de ser formalmente indigitado Encarregado de Missão da Região Demarcada do Douro. A decisão publicada, há dias, pelo Governo em Diário da República, não criou entusiasmo e ficou àquem das expectativas iniciais \"O Douro merecia uma personalidade com mais poder de decisão\", sugeriu, ao JN, o empresário duriense Mário Ferreira.

Depois do discurso \"bem estruturado\" que José Sócrates deixou ficar na abertura das comemorações dos 250 anos da Região Demarcada do Douro, os diferentes operadores durienses não brindam com \"vintage\" à nomeação de Carlos Lage, actual presidente da CCDR do Norte, como gestor da Unidade de Missão para o Douro. Esperam, antes, para ver.

\"O Douro precisa de uma pessoa com mais autoridade, peso político e, sobretudo, capaz de tomar decisões rápidas. Era importante ter prestígio suficiente para bater o pé ao poder centralista\", traduz Mário Ferreira.

Sem querer \"fulanizar\" a questão e recusando entrar em polémicas, o empresário não escondeu simpatias por Ricardo Magalhães, apontado por muitos autarcas (do PS e do PSD) como a melhor escolha para o lugar \"Ele [Ricardo Magalhães] conhece bem o Douro e os seus problemas\", confessa.

Franscico Lopes, presidente da Câmara de Lamego também não se revê na estratégia governamental \"Em boa verdade atribuir esta tarefa à CCDR do Norte é redundante, até limitativo. Imagine-se um projecto privado a colidir com interesses públicos. Como vai ser dirimido o conflito?\", perguntou o autarca.

Francisco Silva, da comissão executiva dos 250 anos do Douro considera a medida tomada como \"pouco eficaz\". E explica porquê \"Não se compreende a duplicidade de funções à CCDR do Norte. Era preferível uma estrutura com competências para ultrapassar a pulverização de tutelas governamentais na região, bem como capacidade técnica e política. Esta unidade de missão não é auspiciosa\", diz.

\"A fórmula encontrada pelo governo é má. A CCDR do Norte teve, ao longo dos anos, a missão de coordenar projectos e até agora, pouco ou nada coordenou. A Unidade de Missão devia ficar na dependência directa do gabinete do primeiro-ministro\", considerou, por seu turno, uma prestigida personalidade duriense.

Ontem, e apesar das várias insistências do JN junto da CCDR do Norte, não foi possível registar as declarações de Carlos Lage e Ricardo Magalhães. \"Estão no exterior em reuniões de trabalho\", foi a resposta possível.



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Assistido pela VMER