O presidente da Câmara de Vila Real, o socialista Rui Santos, classificou hoje como "um erro" a reversão da fusão dos sistemas das águas e afirmou que se recusa a pagar "um cêntimo a mais" pela fatura da água.

O autarca, que é presidente da Assembleia Geral das Águas do Norte, lamentou saber pela comunicação social o anúncio feito hoje pelo ministro do Ambiente sobre a reversão da fusão dos sistemas de captação de água em alta que foi implementada pelo anterior Governo.

O ministro João Pedro Matos Fernandes falou na reversão das fusões feitas "contra a vontade das autarquias" e apontou ainda o regresso à atividade da Águas de Douro e Paiva.

As Águas do Douro e Paiva bem como as Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro (ATMAD), onde estava inserido o concelho de Vila Real, juntaram-se na Águas do Norte.

Rui Santos, que sempre defendeu a fusão do sistema, classificou como "um erro" a reversão.

"Não me passa pela cabeça que o município de Vila Real pague um cêntimo que seja a mais relativamente ao que paga hoje. Conseguimos um ganho e jamais aceitaremos pagar um cêntimo a mais", afirmou à agência Lusa.

O autarca reivindicou ainda que a "futura empresa que venha a ser criada, chame-se Águas do Norte ou outra coisa qualquer, mantenha a sede em Vila Real" e que o Governo, "através do seu orçamento geral do Estado ou através de um outro mecanismo que o senhor ministro encontre, crie uma futura empresa equilibrada, saudável e sustentada".

O presidente da Câmara de Vila Real disse ainda que as comunidades intermunicipais do interior já reuniram com o governante, a quem expuserem as suas preocupações com a reversão do sistema.

"Eu em particular tive o cuidado de dizer ao senhor ministro que, se da reversão deste sistema, das águas do Norte, for criado um sistema em que nós não nos identifiquemos temos a predisposição de então sair das Águas de Portugal", salientou.

Rui Santos lembrou que Vila Real "sempre defendeu que devia haver um pagamento igual entre os municípios do interior e os municípios do litoral". "Através do mecanismo de fusão isso foi possível. Se há uma reversão o que nós não aceitamos é que essa reversão implique custos acrescidos para os municípios do interior", sublinhou.

Integrada na reestruturação do setor da água, a agregação de sistemas de abastecimento de água em alta foi levada a cabo pelo anterior Governo PSD/CDS, que decidiu unir os 19 sistemas multimunicipais em apenas cinco empresas (Águas do Norte, Águas do Centro Litoral, Águas de Lisboa e Vale do Tejo e as já existentes Águas do Alentejo e Águas do Algarve).

Esta fusão era uma reivindicação antiga do interior, onde os municípios se queixam de "pagar a água mais cara do país".



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