O presidente da União das Adegas Cooperativas da Região Demarcada do Douro (Uniadegas) afirmou hoje que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) condenou ao esquecimento e ao abandono o setor vitivinícola.

“Foi com estupefação e muita preocupação que constatámos que o PRR, considerado um instrumento único e irrepetível na história recente de Portugal para impulsionar a economia nacional, praticamente esquece um setor vital como é o da agricultura e, particularmente, a vitivinicultura”, afirmou Ilidio Santos à agência Lusa.

O presidente da Uniadegas, que representa 11 adegas do Douro, criticou o PRR, cuja consulta pública termina hoje, e referiu que os associados desta organização vão reunir-se no sábado, para uma tomada de posição conjunta sobre o documento.

“Quando esperávamos que, por uma vez, num esforço de coesão nacional e quando Portugal vai receber apoios financeiros sem precedentes na sua história, o poder central se lembrasse de quem, neste período, tanto trabalhou para manter a cadeiras de produção a funcionar, constatamos que, mais uma vez, fomos condenados ao esquecimento e ao abandono”, salientou.

Ilidio Santos lembrou o esforço do setor neste período de pandemia, considerando que foi um dos que “melhor deu resposta” à crise.

“Nem por isso deixou de colaborar para a riqueza nacional durante este período negro de covid-19. Todas as videiras, todas as vinhas, tiveram que ser tratadas independentemente de estarmos com covid ou não. Não pode haver teletrabalho para quem trabalha no campo”, sublinhou.

E agora, frisou, o Douro não “baixará os braços na luta diária de dignificação e enriquecimento da produção e da região.

“Mas não deixaremos também de pugnar pela defesa do setor, pela mais do que justa reivindicação da solidariedade social por parte de quem terá a tarefa de pensar o país como um todo e não apenas de alguns terreiros do paço”, frisou.

Como exemplo de medidas necessária para a região demarcada, Ilidio Santos apontou um “forte apoio à mão de obra no setor vitivinícola no Douro”, o qual, na sua opinião poderia ser dado, entre outros, com “um apoio direto ao trabalhador através da isenção de IRS”.

“Outro exemplo era um apoio ao setor cooperativo que precisa de se remodelar para se adaptar e conseguir competir com as outras empresas privadas”, salientou.

Depois de um rascunho apresentado à Comissão Europeia em outubro passado e de um processo de conversações com Bruxelas, o Governo português colocou a versão preliminar e resumida do PRR em consulta pública, no qual estipula “19 componentes, que integram por sua vez 36 reformas e 77 investimentos”.

O executivo justifica que, “com base no diagnóstico de necessidades e dos desafios”, foram definidas três “dimensões estruturantes” de aposta - a da resiliência, da transição climática e da transição digital -, às quais serão alocados 13,9 mil milhões de euros em subvenções a fundo perdido das verbas europeias pós-crise.

Previsto está que a maior fatia (61%) das verbas do PRR se destine à área da resiliência, num total de 8,5 mil milhões de euros em subvenções e de 2,4 mil milhões de euros em empréstimos.



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