A pintora Graça Morais disse ser “importante” a atribuição a uma mulher e a uma artista do doutoramento ‘honoris causa’, pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), porque “não é muito comum as universidades fazerem-no”.

Aos 74 anos, Graça Morais tornar-se-á na segunda mulher a ser distinguida com o doutoramento ‘honoris causa’ pela UTAD, depois de, em 2018, ter sido atribuído à escritora Agustina Bessa-Luís. A cerimónia decorre a 11 de maio, em Vila Real.

“Sinto que é importante, mas mesmo muito importante que uma universidade atribua um ‘honoris causa’ a uma mulher e a uma artista, porque não é muito comum as universidades fazerem-no”, afirmou Graça Morais, citada num comunicado divulgado hoje pela academia transmontana.

Para a artista, é “uma enorme honra” a homenagem prestada pela UTAD, até porque nasceu nesta região.

A pintora é natural da aldeia do Vieiro, onde mantém um ‘atelier’, aldeia que fica localizada no concelho de Vila Flor, distrito de Bragança.

“Tenho um enorme amor ao meu país, mas em especial a estas terras que eu conheço e que lutam sempre com imensas dificuldades, a vários níveis”, salientou.

Na sua opinião, além do reconhecimento da sua obra, a atribuição deste grau académico por parte da UTAD é “uma forma de mostrar às outras mulheres que vale a pena trabalhar bastante, aproveitar todos os talentos e, sobretudo, acreditarem nelas”.

“Há momentos de dúvidas (e há muitos), mas quando temos pessoas de muita qualidade a acreditarem no nosso trabalho e no nosso caráter dá-nos força para lutar contra todas as dificuldades”, acrescentou.

Com 74 anos completados recentemente, o ‘honoris causa” é, para a artista, a “melhor prenda”.

“Estou muito feliz, porque com a idade que tenho este reconhecimento é muito especial, é o reconhecimento pelo meu trabalho, mas também pela minha atitude como mulher e como artista”, referiu.

Com mais de 50 anos de vida artística, Graça Morais é considerada uma “das grandes referências na história da arte contemporânea europeia”.

A artista foi agraciada, em 1997, com o grau de grande oficial da Ordem do Infante D. Henrique, pelo Presidente da República Jorge Sampaio, e recebeu, em 2019, a Medalha de Mérito Cultural das mãos da Ministra da Cultura, Graça Fonseca.

Concluiu o curso superior de pintura na Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP) em 1971, entre os anos de 1976 a 1979 viveu em Paris, como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, e é membro da Academia Nacional de Belas Artes e de diversas associações, confrarias e fundações culturais.

Entre 1974 e 2019 realizou e participou em mais de uma centena de exposições individuais e coletivas em Portugal e no estrangeiro e, em 2008, foi inaugurado o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais (CACGM), em Bragança, da autoria do arquiteto Souto Moura.

Na cerimónia agendada para 11 de maio, o professor catedrático Manuel Heitor, ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, será o padrinho da pintora agraciada, cujo percurso profissional será elogiado pela professora universitária Raquel Henriques da Silva, antiga diretora do Instituto Português de Museus e ex-diretora do Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado.

Fotografia: Fátima Carvalho



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