Associação Empresarial reclamou hoje ao Governo medidas para apoiar os produtores de vinho do Douro como o ‘lay-off’ sem parar de laborar, já que alguns cessaram a atividade mas as vinhas têm de ser tratadas.

A Nervir, com sede em Vila Real, tem como associados muitos produtores de vinhos das Denominações de Origem Controlada (DOC) Douro e do Porto e estão também de portas abertas ao turismo.

“A grave crise que atravessamos provocada pela pandemia da Covid-19 levou a que produtores tivessem que cessar a sua atividade, no entanto estes produtores não podem fechar, pois as vinhas continuam a ter que ser tratadas, impedindo que se possa recorrer ao regime de ‘lay-off’ simplificado e, sem receitas, estão impossibilitados de pagar os salários dos trabalhadores”, afirmou a associação, em comunicado.

A Nervir lembrou que 2019 foi um ano “muito bom” em termos de quantidade de vinho produzido, mas considerou que, com este surto, “2020 vai ser um ano muito mau em termos de vendas, pelo que os produtores vão ficar com os armazéns cheios”.

Na região, segundo a organização, prevê-se também “uma descida, talvez drástica” (entre os 40 a 50%) do benefício (quantidade de mosto que cada produtor pode destinar à produção de vinho do Porto), e ainda “uma descida do preço das uvas para generoso e do vinho generoso agravado pelo aumento do preço da aguardente devido ao aumento generalizado do preço do álcool”.

“Esta situação significa que os produtores não vão receber dinheiro suficiente para granjear o próximo ano agrícola”, sustentou a Nervir.

Para colmatar estes problemas, a Nervir reivindicou hoje ao Governo medidas de apoio ao setor e em particular à Região Demarcada do Douro, nomeadamente o “apoio direto à tesouraria para pagamento de salários ou equivalente (caso de subcontratação), ou seja, ‘lay-off’ sem parar de laborar”.

Reclamou ainda a antecipação imediata dos pagamentos dos subsídios resultantes dos investimentos efetuados, a antecipação dos subsídios à exploração, o aumento do apoio ao gasóleo agrícola, a isenção de pagamento das taxas, o apoio à destilação voluntária com um pacote financeiro para sustentar o preço do vinho a granel, de forma a não degradar os preços no mercado, e a intervenção do Instituto dos vinhos do Douro e Porto (IVDP) aplicando o seu saldo de gestão.

A associação pediu ainda a "produção de bloqueio" para o generoso, medida já tomada no passado e que consiste em fazer vinho que não pode ser vendido por seis anos, para que o benefício não baixe drasticamente.

Reclamou também a isenção de Taxa Social Única (TSU), do IRS e IRC na campanha 2020, para viticultores e empresas, e a aprovação imediata dos projetos VITIS em análise .

“Apelamos ao Governo para que tenha em conta estas preocupações e reivindicações. Somos um dos melhores e maiores embaixadores de Portugal, somos um garante da paisagem Património Mundial da UNESCO e um dos maiores exportadores nacionais. Somos, por fim, um dos setores vitais para a retoma económica e social de Portugal”, frisou.

A região do Douro é responsável, segundo a Nervir, “por 46% das exportações de vinho português”.

Para a associação, a “maior parte das medidas anunciadas apenas adiam os problemas e compromissos”, dando como exemplo “o adiamento do pagamento das contribuições para a Segurança Social do mês de março”.

Foto: António Pereira



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