A presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro manter-se-á em funções até 30 de março, após renúncia, estando a decorrer o processo de nomeação da nova administração, disse o Ministério da Saúde.

O atual conselho de administração do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), com sede social em Vila Real, terminou o mandato já em dezembro de 2021 e, no início deste ano, a presidente do órgão, Rita Castanheira, pediu a renúncia do cargo que ocupa desde julho de 2019.

Desde agosto de 2022, que o CHTMAD está também sem direção clínica.

Contactado pela agência Lusa, o Ministério da Saúde confirmou hoje a renúncia da presidente do conselho de administração do CHTMAD, que disse que se manterá em funções até 30 março.

O ministério de Manuel Pizarro disse ainda que o “processo da nomeação da nova administração está a decorrer”, sem adiantar datas para o efeito.

Neste momento, o conselho de administração mantém-se em funções com três elementos, em vez de cinco, após saída da diretora clínica Paula Vaz Marques e da vogal executiva Elsa Justino.

A situação no CHTMAD, que agrega ainda os hospitais de Chaves e Lamego, está a causar preocupações entre os profissionais que ali trabalham, os utentes e partidos políticos.

Membro da Direção da Organização Regional de Vila Real do PCP (DORVIR) e eleito da CDU na Assembleia Municipal de Chaves, Manuel Cunha afirmou que há 15 meses que a administração “está em funções de gestão”, considerando que toda esta situação está a “paralisar” o centro hospitalar e questionando se “alguém que está há mais de um ano em gestão consegue olhar para o hospital com uma visão de futuro”.

E ironizou dizendo que “se está a descobrir que os hospitais nem precisam de um diretor clínico”, porque “este está a funcionar sem um há seis meses”.

“Não há reuniões da direção clínica, não há análise dos problemas, tudo é resolvido casuisticamente em cima do joelho”, apontou, lembrando que o CHTMAD é um dos maiores empregadores do distrito de Vila Real.

O centro hospitalar foi um dos temas abordados numa conferência de imprensa do PCP que decorreu segunda-feira, em Chaves.

Também a Ordem dos Médicos já se mostrou preocupada tendo, em novembro, emitido um comunicado em que classificou a ausência de um diretor clínico como uma “grave ameaça ao regular funcionamento” do CHTMAD.

Mais recentemente, na tomada de posse em fevereiro, o novo presidente do Conselho Sub-regional de Vila Real da Ordem dos Médicos, Fernando Salvador, considerou que o “conselho de administração tudo tem feito para manter a qualidade assistencial aos doentes, mas sem dúvida alguma que é muito importante existir um diretor clínico”, porque é “o representante máximo de todos os médicos no hospital” e há competências que lhe “são exclusivas”.

“Acho que urge esta nomeação, obviamente que estamos preocupados, não sabemos o motivo para esta demora, mas achamos que é uma situação que, para bem de todos, para bem do hospital e dos doentes, tem que ser resolvida com o máximo de celeridade”, afirmou na altura Fernando Salvador.

Em dezembro, a Assembleia Municipal de Vila Real aprovou uma moção a apelar à intervenção do ministro da Saúde para que, “no uso das suas competências e dentro da celeridade possível, nomeie ou faça nomear um diretor clínico e um elemento para a administração do CHTMAD”.

A moção foi apresentada pela bancada do PSD na Assembleia Municipal e foi aprovada por unanimidade pelos restantes partidos, PS, CDS-PP e Chega.

No documento considera-se que a falta de uma direção clínica é uma situação que se “perpetua além do aceitável e sem fim à vista” e refere-se também que o CHTMAD viu também o seu conselho de administração “ficar desfalcado, depois da demissão de mais um elemento”.

Os deputados alegaram que “estas circunstâncias condicionam, inevitavelmente, a gestão das dinâmicas assistenciais e certamente comprometerá o planeamento futuro na prestação de cuidados”, e defenderam uma solução com a “maior brevidade”.

Em novembro, o grupo parlamentar do PSD questionou também o Governo, através do parlamento, sobre a nomeação da direção clínica, considerando que a situação afeta “a qualidade da medicina ali praticada, bem como a própria segurança clínica dos doentes”.



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