Empresários e trabalhadores agrícolas e da construção civil fizeram hoje, numa das entradas de Vila Real, uma marcha lenta em protesto contra os preços dos combustíveis que são “uma vergonha” e “insuportáveis” para as empresas.

Apesar da adesão ao protesto ter ficado aquém das expectativas da organização, cerca de duas dezenas de viaturas, entre tratores, camiões, carrinhas e automóveis, conseguiram praticamente bloquear o trânsito na zona da rotunda do Seixo, num dos acessos à cidade onde, diariamente, a circulação tem já estado muito complicada ao início da manhã.

Nos veículos foram colocados cartazes onde se podia ler “Chega de aumento de combustíveis” e “Sabias que em cada 10 euros seis são impostos?”.

“O objetivo foi chamar a atenção porque não estamos contentes com o aumento dos combustíveis, que não vão parar,”, afirmou Telmo Resende, proprietário de uma empresa de construção de piscinas e um dos organizadores da manifestação.

Durante quase uma hora, as viaturas circularam entre rotundas, onde a Polícia posicionou vários agentes para controlarem o trânsito. Foram essencialmente empresários e trabalhadores ligados aos setores agrícola e da construção civil que aderiram à iniciativa.

“Estou aqui porque alguém tem que ter coragem e iniciativa de fazer qualquer coisa para que os combustíveis possam baixar (…) Nós queremos, no mínimo, os combustíveis iguais aos nossos vizinhos de Espanha. Queremos trabalhar e não conseguimos”, afirmou Alfredo Jorge, proprietário de uma empresa de materiais de construção.

Este empresário disse que está “cada vez mais sufocado porque os espanhóis colocam em Portugal os artigos muito mais baratos”, que é “impossível competir” e que o protesto de hoje foi “apenas uma amostra daquilo que tem que se fazer”.

A marcha lenta foi acompanhada com o som das buzinas dos veículos.

“Ando a trabalhar para ganhar para o Estado, tanto tenho no início do ano como no fim. Andamos todos a trabalhar para juntar para um saco e depois chegam estes banqueiros que o limpam todo de uma vez”, salientou Alberto Morais, empresário da construção civil, que disse ter sido multado em “60 euros” pela PSP por buzinar.

O trabalho na agricultura está, segundo João Jorge, com “um preço maluco”. “Queremos que baixem os preços dos combustíveis, ainda é bastante prejuízo, nem podemos fazer contas”, frisou o agricultor que se deslocava de trator.

Também de trator para o protesto foi Agostinho Peixoto.

“Estamos aqui porque com estes preços é impossível sustentarmos isto, num país com ordenados de 600 e tal euros isto é uma pura vergonha. Os nossos ministros que olhem para o povo, para os salários e ponham mão nisto”, frisou o agricultor.

Albano Teixeira, que conduzia um camião e é proprietário de uma empresa de materiais de construção civil, quis contestar o “preço dos combustíveis que é insuportável” e disse que contabiliza um aumento de custos diretos “na ordem dos 20 a 30%”. A empresa tem seis camiões.

“Queremos mais apoios, baixar os preços para as empresas conseguiram sobreviver”, salientou.

Para Francisco Monteiro, “é uma vergonha” o preço que os combustíveis atingiram em Portugal. “Tenho sido afetado em tudo, tenho uma oficina e os clientes não vão, os combustíveis estão muito caros e eles não anda com as viaturas”.

“Achei que já eram horas de se fazer alguma coisa. Sei que o povo é muito pacifico, está mais virado para o futebol e não para o que fazem estes políticos que tomaram conta do poder”, salientou Telmo Resende.

Foto:UFM



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