O líder do PSD recusou hoje que a demissão de Hernâni Dias esteja na origem da crise política e desafiou os jornalistas a verem os resultados do seu cabeça de lista em Bragança, antecipando uma vitória “com muita margem”.

A meio de uma visita à Feira das Cantarinhas, em Bragança, no primeiro dia da campanha oficial, a comitiva da AD parou no Café Lisboa para uma pausa e Luís Montenegro foi questionado se a demissão de Hernâni Dias não esteve na origem da crise que vai conduzir a eleições antecipadas a 18 de maio.

“Não diga isso, não diga isso porque não está a ser correto. Isso não é verdade. Isso não é verdade. Não é verdade. Não é verdade”, repetiu o também recandidato a primeiro-ministro, que chegou a classificar como imprudente o facto de o seu ex-secretário de Estado ter criado uma empresa depois de ir para o Governo.

Montenegro desafiou mesmo a comunicação social a ver os resultados eleitorais neste distrito a 18 de maio.

“Vamos fazer as contas no dia 18. Eu vou-vos dizer uma coisa, eu tenho a certeza absoluta que nós vamos ganhar com muita margem as eleições de Bragança”, afirmou.

A única remodelação do Governo, a 13 de fevereiro, aconteceu mais de dez meses após a sua posse, com a substituição de seis secretários de Estado, mas sem mudança de qualquer ministro.

Na sua origem, esteve a demissão do secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Hernâni Dias, depois de ter sido noticiado pela RTP que criou duas empresas imobiliárias já enquanto governante, e quando era responsável pelo decreto que altera o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, a chamada lei dos solos.

Para o seu lugar, o primeiro-ministro escolheu Silvério Regalado, e foram noticiados ajustes diretos feitos entre a sociedade de advogados de Montenegro entre 2015 e 2021, antes de ser líder do partido, e a autarquia de Vagos a que presidia o novo secretário de Estado.

Logo depois, a 15 de fevereiro, surgiram as primeiras notícias no Correio da Manhã sobre a empresa familiar do primeiro-ministro Spinumviva, cuja quota passou para a mulher e filhos quando assumiu o cargo de líder do PSD e que, depois, passou a ser totalmente detida pelos filhos.

O caso acabou por levar a duas moções de censura ao Governo, de Chega e PCP, ambas rejeitadas, e à proposta do PS de uma comissão de inquérito obrigatória ao caso, culminando no chumbo de uma moção de confiança apresentada pelo Governo, com a consequente demissão do executivo.

Na Feira das Cantarinhas, além das já habituais fotografias e bejinhos, Luís Montenegro tinha hoje – Dia da Mãe – flores para distribuir.

“Em primeiro lugar temos de oferecer um futuro aos filhos. Que é aquilo que preocupa muitas das mães em Portugal”, afirmou, mais tarde, em declarações aos jornalistas.

Montenegro voltou a apontar como uma das prioridades da AD evitar que os jovens que não o desejem tenham de sair de Portugal por razões profissionais ou económicas.

“A nossa prioridade máxima é mesmo permitir que isso não seja necessário para os filhos terem bons projetos e para os pais também poderem usufruir do acompanhamento próximo da vida dos filhos e um dia mais tarde da vida dos netos como é normal que aconteça”, disse.

Entre as muitas mulheres que cumprimentou, o líder do PSD encontrou até uma que se apresentou como “uma vizinha”.

“O senhor é da minha aldeia, o senhor é do Rabal (…) E temos uma propriedade juntinha, em Rabal”, disse, referindo-se a um dos terrenos que Montenegro revelou ter no município de Bragança, no início da polémica com a Spinumviva.



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