Feira das Cantarinhas, que se realiza amanhã e depois em Bragança, traz à cidade transmontana milhares de visitantes, nacionais e espanhóis, que chegam, sobretudo, para levar as pequenas peças de barro (cantarinhas) que já perderam o seu carácter utiliário e se transformaram em simples lembranças, objectos decorativos representativos do artesanto local.

Talvez por isso mesmo a organização tenha voltado a optar pela realização em simultâneo da Feira do Artesanato, modelo já utilizado há alguns anos, mas que fora abandonado. Na sua 20.ª edição, a Feira do Artesanato vai decorrer na Praça Camões \"para defender também os interesses dos comerciantes do centro da cidade\", refere António Carvalho, presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Bragança (ACISB), entidade que organiza ambos os certames. Este ano optou-se pela redução do número de participantes em cerca de 20%, pois \"queremos apresentar artesanato de qualidade com artesãos a trabalhar ao vivo\", explica o responsável.

António Carvalho refere ainda que a organização das duas feiras em conjunto não é tarefa fácil para a associação. No entanto, \"pode trazer mais-valias para o comércio local, porque nesta altura a cidade de Bragança recebe milhares de visitantes\" vindos de todo o país e até da vizinha Espanha.

A tradição

Com origem na Idade Média, a Feira das Cantarinhas realizava-se dentro das muralhas da cidadela. Até há 50 anos ainda mantinha marcas tipicamente medievais, embora tenha abandonado a área do castelo para se instalar no coração da cidade. Encarada como uma celebração festiva, atraía a população que chegava logo de manhã cedo, vinda das aldeias próximas, e ía em busca do \"renovo\" (produtos agrícolas para semear).

Da localidade de Alfaião, que apresenta um pequeno microclima, eram transportadas canastras de gradura (feijão seco e grão-de-bico), hortaliça, batatas, cebolas, alfaces, tomate e beterraba para serem plantados no dia seguinte.

De Pinela chegavam os cântaros de barro que, no Verão, mantinham a água fresca para matar a sede aos homens que trabalhavam nas cegadas (colheita de cereal - trigo e centeio, no caso da região de Trás-os- -Montes). Nesta feira encontravam-se ainda os garabanos (instrumentos de rega) e aproveitava-se também para comprar um vitelo.

... já não é o que era

Hoje, a Feira das Cantarinhas perdeu parte destes costumes. A população do meio rural ainda procura neste mercado os produtos agrícolas, que são semeados nesta altura. Mas os cântaros de barro perderam o seu carácter utilitário e foram substituídos por peças em miniatura, das mais variadas formas e cores, que representam agora pequenas lembranças da cidade. Estas peças decorativas são compradas para oferecer aos amigos e namorados.

Actualmente, a feira realiza-se fora do centro da cidade, facto que, para alguns é visto como decisivo para a sua descaracterização. Junto do edifício da Câmara e ao Mercado Municipal, os cerca de 500 feirantes ocupam parte das ruas desta zona de Bragança, pelo que se recomenda atenção ao trânsito, nestes dois dias, encontrando-se o acesso automóvel condicionado.



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