«Infelizmente, casos como este são muitíssimo raros em Portugal». O etnólogo Benjamim Pereira refere-se ao moinho de água da Quinta do Barracão, Alfândega da Fé, em pleno vale da Vilariça. Uma relíquia com 200 anos, agora recuperada, que volta a funcionar como antigamente. Ao lado, uma turbina vai produzir energia eléctrica. O confronto antiguidade e modernidade.

O empreendimento, agora apoiado por fundos comunitários, chegou a ser referenciado como \"uma das primeiras indústrias registadas na fazenda de Alfândega da Fé\", observou Rui Tadeu, da Quinta do Barracão, realçando a preocupação tida na sua recuperação.

Ao lado, recuperadas para habitações de campo turísticas, surgem a \"casa do moleiro\" e a \"casa do cereal e das maquias\".

Ser moleiros? Não

Este projecto \"pensado e consequente\", na opinião de Benjamim Pereira, tem de ter \"o turismo como pano de fundo\".

\"Não pretendemos ser moleiros\", adianta Rui Tadeu. Daí que queira dar-lhe, também, um cariz \"pedagógico e didáctico\". Para visitas de estudo de alunos desde o ensino Pré-primário até ao Universitário.

A ideia é justificada com as inovações introduzidas uma mó de pedra continua a moer o cereal, tal como na antiguidade, para mostrar como era a vida de um moleiro; no lugar das outras duas mós surge uma microturbina para produzir energia eléctrica.

\"Será mais um exemplo de aproveitamento da água para produzir energia alternativa\", sublinhou o responsável da quinta. \"Sem dúvida uma visão muito ousada\", sentenciou Benjamim Pereira.

Inércia nacional

Este etnólogo elogia o projecto, mas, ao mesmo tempo, não deixa de ressalvar a inércia nacional no que concerne a recuperação de estruturas míticas como os moinhos de água ou outros com as mesmas características.

\"Não há um quadro da molinologia portuguesa\", atira, reforçando que \"há uma visão esparsa sobre o assunto e, sobretudo, muitos dos esforços que têm sido feitos não têm consistência, porque não têm continuidade\".

Por outro lado, opina que os projectos de valorização que têm sido efectuados são \"pouco estudados\" e defende que as instâncias nacionais \"deveriam dar alguma ordenação ao sector\".

Enquanto não surge, a água da Vilariça vai continuar a fazer rodar a velha mó de pedra no moinho da Quinta do Barracão.



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