Era tudo a fingir, mas ia-se tornando um caso sério um simulacro de acidente realizado, ontem, no Itinerário Principal (IP) 4, na barragem do Sordo e no Centro Hospitalar de Vila Real.

Pode-se dizer que as coisas no IP4 correram \"menos mal\". Mesmo assim, cinco pessoas - incluindo uma jornalista que se magoou num tornozelo e esfolou uma perna - acabaram por \"enfiar-se\" nos buracos (com cerca de 15 cm de diâmetro) de escoamento de águas pluviais existentes na ponte, que não estão sinalizados nem protegidos.

Apesar dos meios mobilizados, foram muitos os comentários sobre a inexistência de uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação, um processo com sucessivos adiamentos. O enfermeiro Rui Bento foi apenas uma das vozes críticas, recordando \"uma luta com mais de três anos, cuja solução se perdeu na altura do Euro 2004\".

Mas o pior foi quando os \"feridos\" começaram a chegar à Urgência do Hospital de S. Pedro. Apesar da garantia dada pelo chefe de equipa de que \"os doentes urgentes não foram afectados\", Fernando Próspero admitiu um acréscimo no atraso \"a rondar a hora e meia\". O simulacro acabou por ser a gota de água para os verdadeiros doentes.

Manuel Fernandes, residente em Magalhã, esperava que a filha de 12 anos fosse tratada devido ao corte de um dedo desde as 9 da manhã. Para ele, é \"uma vergonha andarem a brincar aos acidentes\". Mais revoltado, ainda, estava José Luís Rodrigues: \"A minha mãe está lá dentro morta e o meu pai está também lá dentro desde as cinco da tarde ontem e ninguém me dá informações desde essa altura\". Vários outros utentes criticaram o que consideraram \"uma brincadeira\" e gerou-se um grande reboliço.

No final do simulacro, Álvaro Ribeiro, um dos reponsáveis pelo exercício, queixou-se \"das dificuldades nas comunicações, que não são novidade a nível nacional, já que os aparelhos de transmissão utilizados têm fraco alcance\".

\"Acidente\" com autocarro

O chefe da Urgência, Fernando Próspero, salientou \"a falta de material de trauma (colares cervicais, por exemplo) adequado e em quantidade suficiente para a transferência dos sinistrados das macas dos bombeiros para as salas de exames\".

A estabilização e o transporte de 21 sinistrados num \"acidente\" de autocarro (a maioria crianças) para o Centro Hospitalar constituiu, assim, um treino que envolveu 14 entidades diferentes, mais de 70 bombeiros e 20 viaturas da Cruz Branca e da Cruz Verde e, ainda, uma ambulância, dois outros veículos e uma dezena de militares do Regimento de Infantaria 13, chamados a dar apoio. Acrescem três patrulhas da Brigada de Trânsito, muitos jornalistas e dezenas de curiosos.

O simulacro de acidente na ponte sobre o rio Sordo incluiu, ainda, o derrame de combustível que atingiu a água da barragem, usada para abastecimento doméstico. Foi necessário conter e absorver os hidrocarbonetos, utilizando barreiras flutuantes.



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