Fraude financeira atinge centenas de portugueses que entregaram as suas economias a empresária de Vila Real.

A autora de um esquema financeiro semelhante ao de Dona Branca poderá ter provocado um prejuízo de 10 milhões de euros a centenas de clientes. A «banqueira» colecciona queixas-crime de Norte a Sul do país, tendo já sido ouvida pela PSP.

Entre créditos concedidos a troco de altos juros e depósitos de centenas de pessoas que recorreram aos seus préstimos, nos escritórios que possui em Vila Real e Almada, A. Caetano e Silva terá provocado, nos lesados, um desfalque que, segundo fonte policial, atingirá os 10 milhões de euros.

Por se desconhecer a real dimensão da fraude - tendo em conta que as vítimas estão dispersas pelo país e têm apresentado queixas nas suas áreas de residência -, fonte da Polícia Judiciária adiantou, ao JN, que não só aquele montante poderá vir a ser muito superior, como o caso terá ramificações com uma rede madrilena, dedicada a uma suposta lavagem de dinheiro proveniente da venda de estupefacientes.

Em reacção à notícia da edição de ontem do JN, sobre a existência desta mulher - que criou uma rede financeira em tudo igual à «banqueira do povo» -, fonte da PSP de Almada confirmou que A. Caetano e Silva foi já interrogada há cerca de três semanas devido a queixas apresentadas naquela esquadra.

Porém, o JN sabe que só na PSP de Vila Real deram entradas outros oito relatos, em que se inclui o de um cliente cujo montante ultrapassa os 200 mil euros. Os episódios descritos acabaram por ser encaminhados para a PJ de Vila Real, que os enviou para o Ministério Público. Em esquadras da PSP e postos da GNR dos distritos de Aveiro, Faro, Lisboa, Porto e Setúbal também não faltam queixas.

Fonte da Polícia Judiciária de Setúbal explica, ao JN, que nenhum processo ali deu entrada até agora, dependendo do Ministério Público a junção de todas queixas de burlas que tenham surgido um pouco por todo o país. «Só aí poderemos desencadear uma investigação à tal senhora, porque conta com residência no distrito», frisa.

Entre pedidos de anonimato e receios de represálias, dezenas de pessoas contactaram, ontem, o JN descrevendo os seus casos.

Apesar de ter depositado somente 295 euros neste «banco» caseiro, Manuel Carvalho é uma das vítimas mais recentes. Residente em Aguada de Cima (Águeda), conheceu A. Caetano e Silva através de um anúncio na imprensa local, a 9 de Julho. «Estava sem emprego e precisava de 2500 euros. Ela prometeu-me que, caso fizesse um depósito de 295 euros, passava a ser cliente e aí teria o empréstimo em 48 horas», contou.

Feito o depósito, quatro dias depois, na conta de um dos colaboradores [C. Alves] da «banqueira», esta deixou de atender o telefone ao cliente. «Na sexta-feira [17 de Julho] decidi apresentar queixa na GNR de Águeda. Sentia-me com vergonha desta situação mas já percebi que há mais pessoas prejudicadas como eu», reconhece.



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