Ciclo de debates pretende gerar uma reflexão séria sobre a floresta portuguesa onde os incêndios ultrapassam em área ardida, relativamente à dimensão do país, qualquer outro da Europa.

 

Mais uma vez, um verão abrasador desencadeou fogos devastadores em todo o país e trouxe para a praça pública um epifenómeno cíclico e dramático. Cruzaram-se as opiniões de todos os quadrantes, fizeram-se acusações, deu-se conta do esforço titânico dos bombeiros no combate às chamas, viram-se populações isoladas e em pânico a implorarem por mais meios que nunca serão suficiente para travar esta calamidade.

Nesse sentido, o Departamento de Ciências Florestais e Arquitetura Paisagista da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), conjuntamente com a Ordem dos Engenheiros e com o apoio da Associação dos Florestais da UTAD, iniciaram ontem, dia 13 de setembro, no Teatro de Vila Rea, o primeiro debate aberto de um ciclo subordinado ao tema a “A floresta portuguesa em causa”.

“A atual situação, com os cenários climáticos a darem sucessivamente conta de novos extremos, levam à liquidação sistemática dos esforços cada ano desenvolvidos. Em 2017, um verão menos seco e quente fará crer que se conseguiu inverter a situação, mas no ano seguinte um novo pico de calor voltará a trazer-nos à realidade”, avisa a organização, assinalando, também, por outro lado, “o despovoamento das áreas rurais que, indiretamente, conduz à acumulação de materiais combustíveis e onde um fósforo pode fazer lavrar um fogo de modo incontrolável”. Neste momento, outro grave risco que se corre é o “desaparecimento do conhecimento sobre a floresta”.

O primeiro debate teve como intervenientes, entre outros, o presidente da Quercus, António Macedo, o presidente do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, Rogério Rodrigues, a Coordenadora da Unidade de Missão para a Valorização do Interior, Helena Freitas, um professor da Universidade de Lisboa, José Miguel Cardoso Pereira, um professor da Universidade Católica do Porto, Américo Mendes, um professor da UTAD, Paulo Fernandes, enquanto a representar a Ordem dos Engenheiros, esteve João Branco.  

“Os Engenheiros Florestais, formados para lidar com o território nas suas múltiplas facetas, desde a floresta à gestão dos recursos naturais como a biodiversidade, caça, pesca, lazer, e desenvolvimento rural, capazes para lidar com os proprietários e comunidades donos dos terrenos florestais, estão em vias de desaparecer, assim como a própria investigação ligada à floresta”, alertou o diretor do Departamento de Ciências Florestais e Arquitetura Paisagista da UTAD. Contudo, José Aranha defende, ainda, que “a Engenharia Florestal tem soluções para os incêndios florestais, alicerçadas na história, na experiência e no conhecimento científico, e estas soluções não são apenas do domínio da prevenção, mas também do combate”.

 



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