O grupo Voz Coral do Alvão (Vocal) junta pessoas dos 8 aos 70 anos que aceitaram o desafio de interpretar músicas tradicionais e estreia-se quarta-feira, em Vila Real, na iniciativa “Lua cheia, arte na aldeia”.

Benagouro, no concelho de Vila Real, foi a localidade escolhida para a estreia do projeto musical comunitário dinamizado pela companhia Peripécia Teatro, que também realiza o ciclo de artes “Lua cheia, arte na aldeia”, que apresenta espetáculos em todas as noites de lua cheia.

O Vocal vai apresentar o "Concerto de Inverno" e interpretar músicas tradicionais de várias regiões, cânones (linha melódica cantada por uma primeira voz, e em que vai entrando outras vozes, uma após a outra) de caráter africano e temas de Natal.

“Sempre se gostou de cantar lá por casa, a música é uma constante e este ano surgiu este desafio. Já era uma coisa que eu queria, pertencer a um coro, porque sentia que precisava de ir mantendo alguma afinação, ou a pouca que tinha, e surgiu este desafio que abraçámos logo”, afirmou à agência Lusa o engenheiro mecânico Eduardo Cardoso, 47 anos, que também trouxe a filha de 15 anos para o grupo.

O coro nasceu em fevereiro, mas com a aproximação da data da estreia intensificam-se os ensaios e nem as noites com temperaturas negativas desmotiva os 16 participantes, dos 8 aos 70 anos, onde se juntaram filhos, pais, irmãos, vizinhos e desconhecidos.

“Trabalhamos a voz como instrumento das nossas emoções que depois resultam em coisas magníficas”, acrescentou Eduardo Cardoso que admitiu que inicialmente achou os cânones “arrojados demais”, mas garantiu que, agora, a “magia está a acontecer”.

Em jeito de brincadeira concluiu: - “Já conseguimos desafinar no mesmo tom”.

Goreti Miranda, 46 anos e que trabalha como administrativa numa empresa, já há muito que queria pertencer a um coro e, por isso, respondeu à chamada da Peripécia e aceitou o desafio de interpretar as músicas que desconhecia e que a fazem “sair um pouco da caixa”.

Almerinda Coutinho, professora de 53 anos, fez parte de um coro universitário e integrou agora um projeto musical que se está a transformar numa aprendizagem, partilha, que está a ser muito positivo e tem permitido a “descoberta de talento, músicas e de qualidade”.

“É um projeto para continuar e estamos à espera dos concertos de primavera, verão e outono”, brincou.

Carla Raquel Santos, diretora musical do projeto mostrou-se surpreendida com a dedicação e esforço dos elementos do grupo, embora alguns sejam iniciantes no canto.

É também professora de música e está a desenvolver o projeto “Musicar desde sempre” com as creches de Vila Real, em que dá música e trabalha com os bebés desde o berçário até ao final da pré-primária.

“Queríamos que a comunidade se envolvesse numa atividade de criação ou numa de expressão artística e então achamos que o coro seria adequado para cumprir esse fim”, afirmou Sérgio Agostinho, codiretor artístico da Peripécia Teatro.

O objetivo foi promover um maior dinamismo na comunidade e também incentivar a maior apetência para a fruição artística.

O “Lua cheia, arte na aldeia” repete-se em todas as noites de lua cheia e, na edição de 2023, foram apresentados 11 espetáculos.

O projeto manter-se-á nos próximos três anos no âmbito do financiamento do Ministério da Cultura, através da Direção-Geral das Artes e do município de Vila Real.

A companhia conta com serviço de ‘babysitting’, disponível em alguns dias de espetáculo e, este ano, fez apresentações adaptadas a pessoas cegas, surdas ou com mobilidade reduzida.

A Peripécia, criada em 2004, possui, no seu portefólio, peças como "Vincent, Van e Gogh", "1325", "Novecentos - o pianista do oceano", "A cores", "Sou do tamanho do que vejo" ou "13", que aborda a temática "Fátima" e as "aparições" ou "La tortilla de mi madre" que retrata a solidão dos idosos e a companhia dos livros.



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