Os septuagenários Manuel João e Laura são um exemplo dos muitos que estão a receber a visita da GNR no âmbito do Censos Sénior, programa que sinalizou 645 idosos a viver sozinhos ou isolados em Vila Real.

A operação \"Censos Sénior 2013\" está a decorrer em todo o país até ao dia 28 de fevereiro e tem como objetivo identificar novas situações e atualizar o registo de todos os idosos que vivem sozinhos ou em locais isolados na área de responsabilidade da GNR.

No distrito de Vila Real foram sinalizados 645 idosos em Vila Real. Este é um território envelhecido, onde cerca de 50 mil residentes, do total de 206 mil, possuem mais de 65 anos.

O primeiro olhar é desconfiado, mas depois os rostos de Manuel João e Laura Ferreira, ambos com 74 anos e que residem numa aldeia do concelho de Vila Real, abrem-se em sorrisos com a chegada dos cabos Jorge Sousa e Luísa Vidazinha.

O casal foi burlado em outubro em cerca de 2.000 euros, e, por isso, desconfia da aproximação de todas as pessoas estranhas.

\"Eram dois os tratantes. Vinham num bom carro e bem vestidos e traziam umas notas na mão a dizer que iam sair de circulação\", contou Manuel João.

O idoso entrou em casa, tendo sido seguido pelo burlão que acabou por levar praticamente todo o dinheiro que tinha.

\"Não dei conta de ele entrar, depois fiquei encadeado, com certeza que traziam uns pozinhos porque nem me apercebi de nada\", acrescentou o idoso.

A saída de circulação de notas é um dos muitos argumentos usados pelos burlões pelo que, este é também um dos principais alertas lançados pela GNR, ainda por cima agora que a nota de cinco euros vai mesmo ser substituída.

\"Em maio vem uma nova nota de cinco euros, mas a antiga não sai, para já de circulação. Ninguém vem cá recolher as notas\",afirmou o cabo Jorge Sousa.

O guarda deixa ao casal um cartão com contactos que aconselha a colocar junto ao telefone para usar em qualquer situação que levante dúvidas.

A colega Luísa Vidazinha salienta que estas visitas da GNR, que depois, ao longo do ano, se vão repetindo com regularidade, serve também para detetar situações de maus tratos e de carência.

\"Não conseguimos ajudar todos, mas já conseguimos encaminhar algumas situações para as cantinas sociais ou para famílias de acolhimento\", acrescentou.

Mais abaixo, numa outra aldeia José Joaquim de Aquino, de 86 anos, espreita pela porta mal ouve o cão ladrar.

A mulher, Maria Emília, de 85 anos, regressa da horta com um balde e junta-se para cumprimentar os guardas, rostos já conhecidos, e aproveitam para por a conversa em dia e trazer à memória histórias de uma vida passada em França, onde durante anos trataram de gado.

A cabo Vidazinha vai interrompendo as recordações para deixar conselhos. \"Nunca deixem entrar estranhos para dentro de casa, se alguém ligar para aqui a dizer que ganharam um prémio não acreditem e nunca digam que vivem sozinhos\", salientou.

José Aquino garante que \"dinheiro não circula\" em sua casa, pois já paga tudo pelo banco, enquanto que Maria Emília afirma que não se deixa intimidar, nem sequer deixa aproximar qualquer estranho da sua casa.

A campanha realizou-se pela primeira vez em 2011, tendo sido, na altura, identificados em todo o país 15.596 idosos, número que cresceu no ano passado para 23.001.



PARTILHAR:

Espalhadas pelos 14 concelhos

Imagens de emigração e esperança no Centro Cultural Português