A Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN) lançou ontem um alerta aos produtores transmontanos para deixarem de reutilizar sacos de adubos, na apanha da castanha, por colocarem em risco um dos produtos nacionais com maior peso nas exportações.

Segundo um comunicado daquele organismo, na última campanha, em 2006, \"foram detectados níveis excessivos de nitratos em castanhas exportadas, o que só se justifica por terem sido recolhidas em sacos de adubos\".

A presença destas substâncias em produtos alimentares é proibida na União Europeia, o que leva à rejeição dos produtos em que estas sejam detectadas.

A região de Trás-os-Montes é responsável por 87 por cento da produção de castanha nacional, um fruto que detém o quarto lugar no valor líquido das exportações portuguesas de fruta e é um dos poucos produtos agrícolas que apresenta um largo saldo positivo na balança comercial, na ordem dos 14 milhões de euros.

O alerta da DRAPN surge em plena época da apanha da castanha e pretende evitar \"consequências que podem ser desastrosas para a região, porque se os exportadores perdem clientes, os agricultores por arrasto vão perder esta importante fonte de rendimento\", refere o texto.

De acordo com a DRAPN, \"muitos agricultores reutilizam os sacos de adubos para a colheita de produtos, nomeadamente a castanha, batata, amêndoa, couves e nabos, entre outros.

A DRAPN realça ainda que \"o princípio de reutilizar é de louvar\" do ponto de vista ambiental, \"mas a utilização destes sacos para guardar produtos que consumimos directamente é perigosa e tem de ser evitada\".

O organismo sublinha também que a utilização dos sacos de adubos, na apanha da castanha, \"é errada\" pelo risco de contaminação do produto.

A DRAPN recorda ainda que a castanha é um produto de exportação, nomeadamente para países da União Europeia que aplicam as regras comunitárias.

No espaço europeu são efectuadas regularmente análises aos diversos produtos agrícolas para a detecção de pesticidas, nitratos, dioxinas e outros.

\"Infelizmente já foram detectados níveis excessivos de nitratos em castanhas exportadas na campanha passada\", refere o organismo.

A direcção regional alerta também que Portugal tem neste sector \"a concorrência de outros países que exportam muita castanha, como a Itália e a Turquia\".

A DRAPN recomenda \"de imediato\" que a recolha de castanha \"seja efectuada apenas em sacos de rede\" e que os sacos de adubos \"deixem de ser reutilizados na colheita de produtos alimentares a fim de evitar problemas futuros na alimentação humana\".

A direcção regional sublinha, ainda, a importância \"da colaboração de todos para que a castanha de Trás-os-Montes continue a merecer a atenção dos mercados de exportação não só pelo seu sabor característico como também pela vantagem de não ter quaisquer resíduos de elementos perigosos\".

A DRAPN nota ainda que \"os adubos em geral não são considerados perigosos porque, pela forma de utilização no solo, não estão em contacto directo com os alimentos\".

Refere, no entanto que \"o excesso de nitratos é prejudicial à saúde e que estes podem estar presentes na água e nos legumes resultado de aplicações excessivas nas culturas\".

A União Europeia elaborou legislação a limitar as quantidades de adubos azotados a usar nas diversas culturas.

A DRAPN frisa, por fim, que em Trás-os-Montes não existem as chamadas \"zonas vulneráveis\" de aplicação de nitratos.

A castanha da região transmontana é exportada sobretudo para Itália, França e Brasil com três denominações: Soutos da Lapa, Terra Fria e Padrela.



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