Aos 33 anos, o vila-realense Carlos Valente conta com um currículo invejável. Ao título de campeão nacional da maratona conquistado em 2001 juntou o recente quinto lugar obtido na Maratona Internacional de Macau, onde foi também o primeiro atleta europeu a cortar a meta. Tal facto levou a Câmara Municipal de Vila Real a homenageá-lo, numa cerimónia que decorreu no passado dia 22, e a prometer-lhe a atribuição da medalha de mérito municipal, nas comemorações do feriado municipal do próximo ano.

Manuel Martins, presidente da autarquia vila-realense, adianta que \"os feitos alcançados pelo atleta são motivo de orgulho para a cidade. Temos vindo a apostar nas modalidades mais pobres e, graças a isso, no futuro, irá ouvir-se falar muito de nós\".

A par da profissão de atleta, Carlos Valente é proprietário, em sociedade com o irmão, de três lojas de artigos de desporto. Antes de seguir para as suas lojas, por volta das seis e meia da manhã, inicia o seu primeiro treino do dia. Depois do seu encerramento percorre a distância compreendida entre as piscinas municipais e a universidade. Normalmente, ao domingo dedica mais atenção aos treinos e o seu percurso de eleição é Régua-Pinhão, onde percorre cerca de 30 quilómetros.

Apesar de gostar da terra que o viu nascer e que agora lhe prestou homenagem refere que, para um atleta, viver nesta região \"é muito complicado\". Isto porque, como sublinha, \"não existem apoios para os atletas\". Por causa disso, Carlos Valente tem de suportar do seu bolso todas as despesas feitas enquanto atleta, \"desde médicos a fisioterapeutas\", situação que poderia ser alterada caso pudesse ser atendido pelo médico da Federação Portuguesa de Atletismo. No entanto, como este se encontra no Porto, torna-se complicado para o atleta ter de se deslocar até lá sempre que necessite de cuidados médicos. Caso tivesse mais apoios, Carlos Valente é peremptório ao afirmar que \"provavelmente teria alcançado mais prémios\".

A paixão pelo atletismo despertou nele quando tinha apenas sete anos, altura em que corria pela Associação Desportiva e Cultural de Constantim \"por amor à camisola\". Aos 24 anos o atleta começou a levar esta sua paixão mais a sério, tendo recebido orientação de um treinador, na altura estudante estagiário da Universidade de Vila Real. Desde então, Carlos Valente começou a demonstrar o seu talento e a arrecadar títulos. Neste momento é orientado por Rui Norte e o seu principal objectivo passa por conseguir os mínimos em maratona que lhe permitam participar no campeonato do mundo, que se realizará em Fevereiro ou Março.

Carlos Valente, casado e com dois filhos de 6 e 12 anos, diz ter todo o apoio da sua família, \"sem o qual seria impossível\". Agora, sente-se orgulhoso pela homenagem que a autarquia que o viu nascer lhe prestou.



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