Corporações de bombeiros do distrito de Vila Real queixam-se de “uma rotura” de materiais como fatos de proteção, máscaras, luvas ou desinfetante e lançaram um pedido de ajuda à população, empresas, farmácias e clínicas da região.

Os bombeiros da Cruz Verde, em Vila Real, lançaram esta semana, através das redes sociais, um pedido de ajuda à população, salientando que “necessitam de máscaras, luvas, fatos de proteção, gel desinfetante, álcool e água” para fazer face à pandemia de covid-19.

O comandante Vitorino Cardoso sublinhou a “grande dificuldade” que a corporação está a ter em arranjar no mercado material, de acordo com as normas e o que está protocolado, para “poder socorrer quem pede ajuda neste momento crítico”.

“Temos uma dificuldade enorme em conseguirmos adquirir mais material porque o mercado não tem, não faço ideia do que é que passa. Por isso é que fizemos este apelo à população”, afirmou à agência Lusa.

O comandante explicou que foram facultados seis 'kits' à corporação, via Centro Distrital de Operações de Socorro de Vila Real, dos quais só já resta um, e a associação humanitária adquiriu também algum material.

“Estamos a precaver e a tentar antecipar todo este cenário que está à nossa volta. Temos material de retaguarda, mas é insuficiente”, referiu.

Na opinião de Vitorino Cardoso, os bombeiros estão na “linha da frente deste combate e correm o risco de estarem desprovidos de material, de armas”, que garantam a própria segurança e a segurança de quem lhes pede ajuda.

Esta corporação possui 120 elementos que estão a cumprir o plano de contingência e a trabalhar de forma alternada.

O comandante Bruno Girão dos bombeiros de Sanfins do Douro, concelho de Alijó, fala numa “rotura de material” e elencou as “dificuldades em adquirir” e nos “preços absurdos” que são pedidos pelos fatos de proteção ou até pelo gel desinfetante.

Também a corporação, que possui um quadro ativo de 30 elementos, pediu a “todas as clínicas, empresas, farmácias e público em geral, que caso tenham máscaras, óculos de proteção e luvas a mais, e caso as possam dispensar que deixem no quartel”.

No repto deixado nas redes sociais, os bombeiros referem que o “material está a esgotar a uma velocidade anormal devido à situação atual”.

“Conseguimos adquirir hoje, pela associação, 15 fatos. Só que isso não é suficiente, porque hoje em qualquer caso de infeção respiratória ou constipação, nós temos que atuar como se fosse o vírus. A prioridade é manter o pessoal em segurança”, frisou Bruno Girão.

O responsável considerou que, nesta matéria, o “Governo está a atuar muito devagar”.

“Sem equipamento não se pode ir para uma guerra destas”, sublinhou.

Rui Lopes, da Federação dos Bombeiros do Distrito de Vila Real e comandante da corporação do Peso da Régua, disse hoje à agência Lusa que, neste momento, não há “nenhuma associação que esteja parada por falta de material”.

No entanto, ressalvou que se as coisas “continuaram a evoluir, pode acontecer”.

“Há associações que, efetivamente, já têm um número reduzido de equipamento. Para mim, comandante dos bombeiros da Régua, todas as saídas são já consideradas suspeitas e, por isso, o meu pessoal já sai com equipamento completo”, adiantou.

O responsável referiu que está prevista, “já para esta semana, a entrega de material” por parte das autoridade nacionais.

Rui Lopes sublinhou ainda que, neste momento, os serviços realizados pelas corporações diminuíram, mantendo-se as situações de emergência, bem como os transportes para hemodiálise e consultas e tratamentos de doentes oncológicos.

No caso da corporação da Régua a diminuição dos serviços ronda “os 80%”.

A Comissão Distrital de Proteção Civil (CDPC) de Vila Real decidiu na segunda-feira ativar o plano de emergência distrital e proteção civil devido à pandemia da covid-19 para uma “melhor coordenação” e capacidade resposta a nível de equipamento e material.

Segundo divulgou hoje o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, Portugal regista 29 mortos por covid-19 e 2.362 infetados.



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