O presidente da Câmara de Vila Real disse hoje que a linha de alta velocidade ferroviária em Trás-os-Montes, proposta pela Associação Vale d’Ouro, vem ao encontro do que defende, considerando “vital” a região ter comboios rápidos e competitivos.

A Associação Vale d’Ouro divulgou na quinta-feira um estudo que propõe uma linha de alta velocidade ferroviária que colocaria o Porto a três horas de Madrid, em Espanha, passando pelas capitais transmontanas Vila Real e Bragança, e Zamora, onde ligaria à rede de alta velocidade espanhola.

“Vem ao encontro do que temos defendido. É vital termos comboios rápidos, confortáveis, que transportem mercadorias e que sejam competitivos face à estrutura rodoviária que hoje temos”, afirmou à agência Lusa o presidente da Câmara de Vila Real, o socialista Rui Santos.

Sediada no Pinhão, no concelho de Alijó, a associação tem estado na linha da frente da defesa da linha ferroviária do Douro e da sua reativação até Espanha.

Agora, no âmbito da consulta pública para o Plano Nacional Ferroviário, submeteu um estudo para a construção de uma nova linha de alta velocidade entre o Porto – Vila Real – Bragança – Zamora, de tráfego misto e que terá velocidades entre os 160 e os 250 quilómetros por hora.

De acordo com o estudo, a viagem do Porto a Vila Real seria de 43 minutos, enquanto até Bragança seria de uma hora e 14 minutos.

A capital espanhola, Madrid, ficaria a três horas do Porto e, com a nova linha Porto - Lisboa prevista no Programa Nacional de Investimentos (PNI) 2030, ficaria a quatro horas e 15 minutos da capital portuguesa.

O traçado, de acordo com o proposto, garantirá ligações às linhas de alta velocidade Lisboa-Porto-Vigo e Madrid-Galiza, e às ligações convencionais da linha do Minho e da ligação Orense-Zamora-Medina del Campo, estando orçado "em 3,7 mil milhões de euros, valor que inclui cerca de 400 milhões de euros, relativos ao troço a construir em Espanha".

“O objetivo foi mesmo provar a viabilidade técnica do projeto”, afirmou à Lusa Luís Almeida, da Associação Vale d’Ouro.

Referiu ainda que pretende ser “mais um instrumento” para que se decida qual, efetivamente, “é a solução que melhor serve os interesses de Portugal”, se é o corredor internacional Norte por Aveiro, Viseu, Salamanca, atualmente em cima da mesa, ou pelo Porto – Vila Real – Bragança – Zamora.

“A linha proposta oferece algumas vantagens em termos de velocidades e está a 35 quilómetros entre a fronteira e a linha de alta velocidade espanhola, coisa que o outro corredor não tem, é uma distância muito maior”, referiu Luís Almeida.

Disse ainda que a “as grandes empresas exportadoras e os terminais logísticos estão a norte do Douro”.

Na sua opinião, este projeto “revolucionaria a região e seria o motor do desencravamento que ela precisa”, “tem um potencial económico muito grande para o país” e “não afeta nenhum dos investimentos previstos e muito menos afeta a importância da linha do Douro”.

O documento foi desenvolvido por um “conjunto de técnicos e a título gracioso” e propõe estações no aeroporto Francisco Sá Carneiro (Maia), Paços de Ferreira, Amarante, Vila Real, Alijó/Murça, Mirandela, Podence/Macedo de Cavaleiros, Bragança e Zamora.

“Não queremos abrir guerras nem fraturas. Quisemos dar um contributo para a discussão e que, no fim, se perceba o que melhor serve os interesses de Portugal”, frisou.

Questionado sobre a viabilidade de um projeto ferroviário desta dimensão em Trás-os-Montes, o autarca Rui Santos lembrou a construção do Túnel do Marão, inserido na Autoestrada 4 (A4), e que “muitos diziam” que também não era uma obra viável. “Está feito”, frisou.

“Porque há de ser possível em outros sítios e não aqui em Trás-os-Montes? Se calhar é mais difícil fazer entre Porto e Lisboa do que esta, que está agora a ser proposta”, referiu.

Para Rui Santos, o fundamental é que “esta linha seja incluída no Plano Nacional Ferroviário”, porque “se não estiver prevista nunca será construída”.

“A construção de uma linha ferrovia é talvez a prova dos nove da vontade do Estado central e de todos os partidos, porque estes projetos são transversais aos partidos, de mostrarem se estão ou não focados em ajudar o Interior a manter-se como uma região atrativa para que aqui se crie emprego e riqueza e se fixem pessoas”, frisou.



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