A Associação Portuguesa da Castanha (RefCast) candidatou hoje ao Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020) um projeto de 1,1 milhões de euros que visa combater as principais doenças dos soutos.

A tinta, o cancro e a vespa das galhas do castanheiro “são precisamente os três grandes problemas que o souto, neste momento, enfrenta. Na minha opinião, a tinta é o pior de todos porque mata os castanheiros”, afirmou à agência Lusa José Gomes Laranjo, presidente da RefCast e investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

A RefCast, com sede na UTAD, em Vila Real, é a promotora do projeto que envolve ainda produtores e associações do setor do Norte e Centro do país e que se propõe intervir “em 1.100 hectares de souto”.

A candidatura foi hoje submetida à medida 8.1.3 - Fatores Bióticos, apoiada através do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020).

É um projeto, segundo o responsável, com grande “abrangência territorial” e que está “orçamentado em 1,1 milhões de euros”. Se a candidatura for aprovada, 85% do valor será comparticipado, cabendo o restante aos produtores.

O investigador elencou grandes preocupações com a doença da tinta, que é causada por um fungo que ataca as raízes e acaba por levar à morte da árvore.

Relativamente à vespa das galhas do castanheiro, José Gomes Laranjo afirmou que o “país soube estar à altura” e “no momento certo atacou o problema de uma forma bem organizada”.

“Estamos num momento de esperar pelos resultados da luta biológica. Tirando situações pontuais, não se sentiu ainda verdadeiramente a quebra de produção por causa da vespa”, referiu.

A luta biológica consiste na largada dos parasitóides 'Torymus sinensis', insetos que se alimentam das larvas que estão nas árvores e são capazes de exterminar a vespa. Este ano, segundo o investigador, foram efetuadas na ordem das 1.100 largadas em todo o país.

Por sua vez, o cancro é uma doença que ataca a parte aérea da árvore de forma muito rápida. “O cancro raramente provoca a morte do castanheiro, mas provoca lesões graves na estrutura do castanheiro e que afetam a produção”, explicou.

Para a implementação do projeto está, segundo José Gomes Laranjo, a ser “desenhada uma rede de colaboração”.

Entre as medidas propostas, o responsável destacou o tratamento das árvores afetadas pela tinta, bem como a substituição daquelas que morreram por castanheiros híbridos resistentes à doença e o tratamento químico.

São ainda propostos o tratamento biológico contra a doença do cancro, a correção da fertilidade dos soutos e novas largadas para combater a vespa das galhas dos castanheiros.

O investigador disse que o projeto será implementado em quatro anos e, a concretizar-se, ajudará “a revigorar o setor” e a “aumentar a produção”.

De acordo com José Gomes Laranjo, foi alocada uma verba de “dois milhões de euros” à medida dirigida ao setor do castanheiro.

“Este montante é capaz de não chegar tal foi a motivação e a mobilização do setor na preparação de candidaturas. Esta é uma situação que gostaríamos de ver corrigida”, salientou.



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