Nas últimas décadas, Vila Real mudou, e muito. O IP 4 foi um elo de ligação precioso ao Porto. A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) cresceu, e a cidade foi crescendo com ela.

Construíram-se muitos prédios novos, sobretudo na margem esquerda do rio Corgo e, apenas na zona do centro comercial que hoje é inaugurado, contam-se três residências universitárias e pelo menos dez novos prédios, uns já concluídos, outros em fase de obra. O centro e a parte mais antiga da cidade receberam verbas do programa Polis para se renovarem e, em Março, o concelho ganhou um teatro que tem sido um sucesso. Mas há coisas que nunca mudam: às terças e sextas, para a população das aldeias vizinhas, é dia de ir à \"Bila\", ao mercado. Compra-se ração, galinhas ou patos para criação e o mais que houver. De caminho aproveita-se para ir ao barbeiro, à \"feira dos farrapos\" ou ao médico.

No Mercado Municipal, que sofreu obras \"há uns seis anos\", o aspecto e o movimento é de meter inveja ao portuense mercado do Bolhão. O espaço foi coberto e as bancas do primeiro piso transformadas em pequenas e simpáticas lojas. No piso de cima, vendem-se os legumes e a fruta fresca, no de baixo estão as galinhas e os pintos. Lá fora, um grupo de homens de face rosada e roupa escura conversa sobre futebol, numa antecipação do Benfica-FC Porto de amanhã. Também se fala das \"corridas\" de hoje, não só para relembrar os velhos tempos, mas também para prever o pandemónio no trânsito que o encerramento do antigo circuito automóvel vai causar.

De resto, as dificuldades de circular de carro na cidade serão, talvez, a mais visível marca de desenvolvimento do concelho. Há carros parados em segunda fila por toda a parte, não se encontra quem não diga que o trânsito está impossível, que ninguém aguenta andar de carro nesta cidade. Com a abertura do shopping Dolce Vita Douro, teme-se que piore. Há alguns anos, era possível percorrer quase toda a cidade a pé e muitos dos primeiros estudantes da UTAD não tinham outro remédio senão ficar a morar no centro, onde estava a maior parte dos alojamentos, e ir para a Quinta do Prado pelos próprios meios.

A cidade anda frenética, mas, mais do que isso, anda vaidosa. O Teatro Municipal de Vila Real e o centro comercial despertam junto dos vila-realenses um orgulho e uma atenção que a preciosa Casa de Mateus provavelmente nunca despertou. Por estes dias Vila Real será, também, \"uma cidade com alguma crise de identidade, com alguns tiques de novo-riquismo\", observa Paulo, um actor que nasceu e trabalha em Vila Real. \"As pessoas e a cidade sentem-se mais próximas do Porto do que do resto dos concelhos do distrito ou do que do interior transmontano\", acrescenta, lembrando que, em Vila Real, ainda há que \"mudar mentalidades\".

População cresceu 7,9 por cento na última década

De acordo com o recenseamento geral da população de 2001, o concelho de Vila Real tem perto de 50 mil habitantes (49.957 indivíduos, mais precisamente), o que representa uma subida de 7,9 por cento em relação a 1991. O aumento deu-se, sobretudo, nas pessoas com 65 anos ou mais (30,2 por cento) e na faixa etária dos 24 aos 65 anos, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística. O número de crianças até aos 14 anos diminuiu 17,6 por cento na última década e os jovens até aos 25 anos também são menos, representando uma descida de 10,8 por cento. Quanto à população presente, situa-se nos 52 mil indivíduos.

Nos últimos dez anos, a taxa de analfabetismo também diminuiu, de 11,2 para 9,1 por cento. Entre a população residente existem 7.137 pessoas com um curso superior, 430 com o ensino médio e 7.665 com o ensino secundário. Pouco mais de cinco mil pessoas concluíram o ensino obrigatório, ao passo que quase 7 mil indivíduos não possuem qualquer nível de ensino. A maioria dos residentes - 16.992 - concluiu, apenas, o primeiro ciclo do ensino básico



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