“Uma tradição, um património de toda a humanidade”

Os “Caretos de Podence” foram oficialmente reconhecidos no passado dia 12 de Dezembro, por decisão da Unesco, a “Património Imaterial da Humanidade”.

            Este reconhecimento deve orgulhar-nos a todos, não só àqueles que mantêm viva esta tradição em Podence, no Concelho de Macedo de Cavaleiros, mas a todos os Portugueses.

            É evidente que é prestigiante esta classificação, mas é importante reconhecer o mérito de quem preparou esta candidatura, porque demonstrou claramente uma acção generosa, na medida em que pretendeu que esta tradição, tão própria das festas Carnavalescas de Podence, pertencente ao interior Norte de Portugal, fosse pertença de toda a Humanidade; por outro lado, será uma tradição que ficará salvaguardada dos prejuízos que a interioridade poderia trazer, a curto e a longo prazo.

            Mas o que significa ser “Património Imaterial da Humanidade”?
            É uma classificação que foi definida pela UNESCO em 2003, para garantir a melhor manutenção e preservação, no presente e no futuro, de um conjunto de manifestações culturais e de tradições herdadas de geração em geração, mantidas ao longo dos tempos por um conjunto de indivíduos.

            São exemplos de património imaterial: os saberes, os modos de fazer, as formas de expressão, as celebrações, as festas e danças populares, as lendas, as músicas, os costumes e tantas outras tradições.

            Esta manifestação tradicional dos “Caretos de Podence”, agora classificada como “Património imaterial da Humanidade“ trás consigo a responsabilidade da sua conservação e preservação que passou a ser, não só de Portugal, mas também dos 75 países que são signatários da “Convenção do Património Cultural Imaterial”, auxiliando a sua divulgação a nível mundial.

            O “Carnaval de Podence“ tem sido sempre festejado de forma a lembrar as suas remotas origens, nitidamente pagãs, às “festas dos Romanos, as Lupercais, efetuadas no dia 15 de Fevereiro, segundo uns em louvor de Pã, deus dos rebanhos, da fecundidade e dos pastores ou cabaneiros, enquanto outros sustentam que seriam realizadas em honra de Luperco, também ele Deus pastoril da proteção dos rebanhos contra os lobos. Consideradas das festas mais importantes da antiga Roma, eram particularmente marcadas pelo desfile, nas ruas, de grupos de homens seminus que fustigavam com peles de cabras, imoladas nessa ocasião, as mulheres que encontravam no caminho, num rito punitivo, tendo por intenção torná-las fecundas”.

            Não há dúvida que em Podence é obrigatório visitar a “Casa do Careto”, inaugurada a 22 de Fevereiro de 2004, onde fui muito bem recebido em Setembro passado, percebendo a importância que estas manifestações guardam.

            Em relação às tradições de Trás-os-Montes, há muitas mais que merecem tal dignificação, por contribuírem para o sentimento de pertença a uma terra e a um passado longínquo que se faz presente.

            Um muito obrigado a Podence e a todas as gerações, passadas e presentes, de Caretos que nos deixam a todos muito orgulhosos.

Nuno Moreira


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