Henrique Ferreira

Henrique Ferreira

O Governo em prova de competência

Dias difíceis atravessam as economias ocidentais por causa da invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de Fevereiro de 2022, acrescida ao aumento da inflação já antes verificado pela retoma da procura após o suavizar da pandemiua de COVID, a partir de meados de 2021. Bem certo é  o ditado popular de que «uma desgraça nunca vem só» e, para já, ainda não se vê o complemento do outro ditado que diz «não há mal que sempre dure»..

Mas é certamente nestes períodos que vemos a competência, a solidez e a criatividade dos governos. E, deste ponto de vista, o nosso Governo parece um  bombeiro voluntariasta a querer acudir a todas as tragédias mas sem um plano de ataque à origem dos males.

É certo que o Governo tem tido uma acção cirúrgica nos aspectos que mais doem aos consumidores, sobretudo na área dos combustíveis mas menos na da electricidade. Mas já quanto à reposição do poder de compra, o Governo oferece uns subsídios que pouco vão amortizar as dores dos orçamentos familiares embora sejam bem melhor que nada.

Pior vão ficar os pensionistas e os trabalhadores da Administração Pública que verão os seus rendimentos, em 2023, atualizados a menos de metade da inflação de 2022. Regressamos ao fado do período de 1975 a 1994 em que as inflações nunca eram compensadas pelo aumento de vencimentos, nem para os trabalhadores nem para os pensionistas. Não tivessem sido as reestruturações de carreiras em 1990 e todos estaríamos na penúria.

A questão é pois saber se existe um plano de ataque à crise da economia portuguesa ou se apenas existem medidas avulsas que vão mitigando os focos maiores de dificuldade. Aqui é que o Governo parece à deriva nem sequer resolvendo a área dos grandes projetos como os do PRR (Projgrama de Recuperação e Resiliência), os da ferrovia  ou o do NAEL (Novo Aeroporto de Lisboa).

O Governo foi, como nós todos, apanhado pelas crises energética, financeira, económica e inflacionária mas nada justifica a ausência de unissonidade da comunicação, a falta de coesão interna e uma certa sensação de não-saber-que-fazer.

Esta sensação até pode ser justificada mas, para o cidadão, ela representa a perda da crença necessária a lutar.e a prosseguir.


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