Barroso da Fonte

Barroso da Fonte

João Parente 90 anos a doar tudo à sociedade

O Padre, Professor, Investigador, Numismata, Arqueólogo, Colecionador, Escritor, Caçador, Motar – é um autodidata, amante de história. Homem de sorriso fácil, de uma cultura excecional, gastou grande parte das poupanças de uma vida, a colecionar moedas, arqueologia e a editar livros.
Foi pároco, professor, investigador, membro da Sociedade Portuguesa de Numismática, desde 1979, n.° 2087; Delegado do IPPC no Distrito de Vila Real desde 1980 a 1985. Presidente da Comissão de Arte Sacra da Diocese de Vila Real, desde a sua instituição, no ano de 1991; Presidente da APAC, no concelho de Vila Real, desde 1983; Membro Correspondente da Academia Portuguesa da História desde 20 de março de 1996, com o número 346; Consultor Cultural da Câmara Municipal de Vila Real, na área da museologia, desde 1995, com o encargo de criar o Museu de Arqueologia e Numismática, ao qual doou o acervo.

Diretor do Museu de Arqueologia e Numismática desde 1995; realizou o Inventário da Arte Sacra nos concelhos de Alijó e Boticas, por incumbência do IPPC, fez a inventariação dos cruzeiros do Distrito de Vila Real para os Monumentos Nacionais e é Membro da Academia de História Galega. Esteve à frente da construção ou dos restauros realizados nas igrejas».

Isto e muito mais lê-se na sua biografia. São factos e constatações de uma vida cheia: Em maio último completou 90 anos de idade. Como pároco foi reconhecido pela hierarquia com o grau de Monsenhor. Como investigador de arqueologia e numismática, foi exímio, criativo, altruísta, pedagógico e sagaz.

Vila Real é uma cidade que, há um século atrás, viu criar a sua diocese. Durante 75 anos, recebeu e preparou para a vida no seu Seminário, cerca de três mil alunos que como párocos, como docentes e, como distribuidor de especialistas das várias especialidades socio-profissionais, prestou relevantes serviços ao país. João Parente especializou-se em dois ramos do saber científico: em arqueologia e numismática. A cidade enriqueceu com essas e outras especiarias que doou ao património museológico, urbanístico e moral. Cumpriu a sua missão espíritual como pároco. Foi essa a sua formação ao serviço da paroquialidade. Formou-se, academicamente, em cultura humanística, desde o medievalismo que a arqueologia, a numismática e ciências afins, são alicerce da humanidade. Para memória futura pesquisou, recolheu,organizou, dirigiu, entregou e mundializou tudo o que aprendeu,sem nada em troca.

Na penúltima semana ofertou-me quatro volumes encadernados, com mais de três mil páginas de uma obra monumental sobre a Idade Média no Distrito de Vila Real, a partir do ano de 569 até 1509. Sobre elas prometo dar breve nota porque não são obras vulgares, nem de autores comuns.

Ofertou-me ainda outro volume delicioso: As Alminhas na Diocese de Vila Real.

Este Padre João Parente - que eu saiba - não foi mencionado, sequer, em qualquer órgão de informação nacional. Nem por completar 90 anos de idade, nem por ser um Transmontano ao nível dos maiores do seu tempo (do nosso tempo).

Já presidentes da República, primeiros ministros e outros políticos de proa, no atual regime democrático, medalharam padeiras, leiteiras,cabeleireiras e engraxadores da família, pela fidelidade horária aos titulares do poder.

Nem o atual PR, que vai a todas e mais aquelas que dão beijinhos e tiram selfies em série, reparou tamanha injustiça cultural.

O Padre João Parente é um homem simples, um ser humano que, em 90 anos de vida, serviu sem se servir, fosse do que fosse.

A comunidade Transmontana à qual pertence deverá estar mais atenta e reconhecer o que de bom os seus membros fazem. Fechando os olhos em Trás-os-Montes, nenhum mortal do último século e do primeiro quarteirão deste que corre,legou tanto como João Parente.

Barroso da Fonte


Partilhar:

+ Crónicas