Barroso da Fonte

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De Guimarães a Zamora com Afonso Henriques ao colo

Em 2019 nasceu, em Guimarães, a Grã Ordem Afonsina, a pensar na comemoração, em 2028, dos nove séculos do nascimento de Portugal.

É certo que foram precisos 51 anos para chegar a Bula Manifestis Probatum, do Papa Alexandre III, para oficializar o processo autonómico. Nos campos de S. Mamede, em 24 de Junho de 1128, deu-se o pontapé da partido. Em Ourique, em Valdevez, e em tantas outras refregas militares ou civis, foram meras tentativas de entendimento, entre quem ganhou e quem perdeu a legitimidade do combate, entre o filho e mãe.

A pandemia surgiu, quase em simultâneo, com a criação da Grã Ordem Afonsina. Foi ganhando adesão, interna e externa e tudo fez para, num concelho com mais de 300 associações, difundir em 24 de Junho de 2020, em parceria com a Câmara de Guimarães e com doze Associações, com personalidade jurídica. Assinaram, nessa data, uma Estrutura de Missão com vista à reconciliação com a História e com o estatuto iniciático do novo reino.

No último dia 24 de Junho, Domingos Bragança, presidente da Câmara de Guimarães, proclamou a a Estrutura de Missão que havia sido aprovada com os votos favoráveis das doze associações concelhias que assumiram esse projeto conducente à celebração, em 2028, dos 900 anos da fundação da nacionalidade. Entretanto houve eleições autárquicas e a vice-presidente Adelina Pinto que estivera de acordo com aquela Estrutura de Missão, realizada no auditório Diogo Freitas do Amaral, em 24 de Junho de 2020, manteve-se nas mesmas funções, pelo que deverá manter-se o projeto, rumo aos nove séculos da Fundação de Portugal.

Essa Estrutura de Missão foi criada para cumprir uma tripla estratégia no dizer de Florentino Cardoso, presidente da atual direção, cuja narrativa deve ter como alvos os públicos municipais e nacionais. Desta exigência se devem conjugar os preconceitos que resultam das várias hipóteses cronológicas, como sejam: o 24 de Junho de 1128 que deveria já ter sido consagrado como o dia da Fundação da Nacionalidade Portuguesa, ou «Primeira Tarde» como José Mattoso sugeriu. Lamentavelmente estamos a comemorar o dia da Raça, confirmado pela democracia que se seguiu à ditadura, sabendo todos nós que o Estado Novo esteve na origem da Revolução de Abril. Uma verdadeira contradição porque foi esse mesmo regime que, apressadamente, se serviu do dia e do ano da morte de Luís de Camões para glorificar o autor dos Lusíadas. Por mais grandiosa que seja a obra de Camões, antes dele vir ao mundo e de escrever essa monumental epopeia poética, em Língua Portuguesa, já muitas gerações de homens e de mulheres, tinham prodigalizado todo o tipo de feitos e de factos que fizeram grande e façanhoso o império que nos levou a todos os recantos do hemisfério. A UNESCO já reconheceu à Língua Portuguesa o dia mundial, em 5 de Maio de cada ano. Fernando Pessoa resumiu esse prodígio e excelência, à Pátria que nos identifica. Por que não abrem os olhos aqueles que querem ver e tiram dos ouvidos a cera que não os deixa ouvir?

Todos sabemos que somos de um dos mais antigos países da Europa. E sabemos também que somos dos muito poucos que não celebramos a data de Portugal no dia certo, assim como não celebramos o aniversário do Rei Fundador.

É preciso corrigir a História e a cronologia dos acontecimentos mais relevantes.

Em 2021 o Presidente da República recebeu, da Grã Ordem Afonsina, durante uma visita à Cidade Berço, uma réplica da espada de D. Afonso Henriques. Entendeu-se que esta oferta ao mais alto magistrado da Nação, no dia 24 de Junho, simbolizaria a representação material do património intangível constituído pela figura de Afonso Henriques e pela Fundação de Portugal.

Foi neste contexto que decorreu na Pousada de Santa Maria da Costa um jantar de trabalho entre a direção da Grã Ordem Afonsina, três empresários locais e José Luís Prada, representante da Fundação Rei Afonso Henriques, com sede em Zamora. A Grã Ordem Afonsina e a Fundação Rei Afonso Henriques já vinham trocando conversações, incluindo o ex-Presidente da Câmara de Bragança, António Jorge Nunes, acerca do estreitamento de relações e contactos, entre as duas Instituições culturais, cujos objetivos são semelhantes. Através do arquiteto Abel Cardoso, vice-presidente da GOA e o escultor Vimaranense Dinis Ribeiro, sonharam com «uma escultura de Afonso Henriques, em Zamora». Os três empresários comprometeram-se a custear a obra. A

Câmara de Guimarães dará o apoio institucional. Os representantes das duas Associações concordaram «com esse projeto que será uma oportunidade para iniciar aquilo que é de todos; reforçando que tal iniciativa constitui um dos desafios que Zamora quer abraçar, levando Vimaranenses a Zamora» e vice-versa.

O entendimento que houve nesse encontro, consistiu em acordar que seria colocada uma escultura alusiva a D. Afonso Henriques. Mais ficou decidido, entre as partes, que a inauguração dessa escultura ocorrerá, em Zamora, em 28 de Maio próximo, por ser o dia do Pentecostes em que foi investido, ao armar-se cavaleiro, a si próprio, na Sé de Zamora.

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