Nesta edição o “Diário de Trás-os-Montes”, visita o Gabinete de Apoio ao Cidadão da Freguesia de Jou. A sua existência é de pouco mais de um ano de vida, mas por sua vez, Cristina Serôdio a Intermediária deste GAC, disse ao nosso jornal que já realizou algum trabalho gratificante junto da população desta freguesia, mas muito mais quer realizar no futuro, pois segundo a própria nesta “Freguesia de Jou: um regresso ao passado, no presente e no futuro”. É com a sua dedicação, empenho mas sobretudo competência, que esta jovem natural da freguesia em destaque quer continuar a partilhar com as suas gentes. Para além de todo o apoio que a jovem como profissional tem prestado a toda a população que não deixam em procurar este gabinete de apoio ao cidadão, Cristina Serôdio no corrente ano construiu uma página de Internet que actualmente se encontra disponível em http://eira.espigueiro.pt/scetad219/links.html. Aqui nesta web, encontramos uma autêntica descrição de toda a freguesia, da sua actividade socio-económica bem como uma toda descrição das suas raízes culturais. Cristina Serôdio convida-nos assim a conhecer a Freguesia de Jou.
Cristina Serôdio –“ A freguesia de Jou situa-se num planalto a cerca de 800 metros de altitude, na zona que habitualmente é designada por sub- montanha. Tem como ponto de passagem a estrada nacional 314 que estabelece a ligação entre Murça e a cidade de Chaves. Na freguesia de Jou, o clima é caracterizado por Invernos frios e bastante chuvosos, sendo por vezes a precipitação em forma de neve. Os Verões são quentes e secos. O tipo de povoamento na freguesia é constituído por um conjuntos de treze bairros ( Aboleira, Banho, Castelo, Cimo de Vila, Freiria, Granja, Mascanho, Novainho, Penabeice, Olgas, Rio, Toubres e Vale de Égua), havendo um núcleo central maioritário gozando de uma autonomia, sendo rodeado por um conjunto de bairros mais dispersos. Na freguesia de Jou vive-se principalmente da agricultura e da pecuária. A agricultura é praticada sobretudo de uma forma tradicional, sendo as suas principais características o pousio, a utilização de estrumes, sementes e plantas não seleccionadas, trabalho manual e dos animais, ausência de associativismo agrícola e técnicas rudimentares. No entanto, actualmente já se vai verificando traços de uma agricultura moderna. Esta freguesia destaca-se na produção da castanha que por sinal é de grande qualidade. A agricultura tem sentido falta de apoios sendo por isso uma actividade pouco rentável, o que originou um acrescido abandono dos terrenos. No aspecto histórico a freguesia de Jou é rica em vestígios arqueológicos, tendo como referência três Mamoas bem salientes na paisagem planáltica da povoação do Castelo. Ainda nesta povoação existe um castro de enormes proporções, é formado por três muralhas circulares, situado num ponto estratégico. No seu interior são ainda visíveis casas circulares, onde aparecem objectos de cerâmica (telha e vasos). Em Vale de Égua, um dos bairros da freguesia, existe outro castro no sitio a que lhe chamam a Cerca dos Mouros . Nele se observam três planos procirculares com dimensões pequenas. A construção está situada num ponto de defesa natural de difícil acesso; na parte mais plana, as muralhas encontram-se razoavelmente em bom estado, são muito grossas e bem construídas. Jou é uma freguesia que dá um grande relevo às suas origens, cultura e tradições; é nessa perspectiva que a Associação Cultural Desportiva e Social de Jou procura reviver o passado. Fundada em 1983, tem vindo a percorrer um longo percurso na recuperação das tradições que já se encontram esquecidas na memória das gentes desta terra. A nível cultural tem desenvolvido um trabalho memorável, com iniciativas de grande louvor, como por exemplo: a realização de uma semana cultural, anualmente, onde se realizam actividades como a noite de fado, futebol, jogos tradicionais, folclore... É ainda de referir que esta Associação integra um rancho folclórico. Nada melhor do que através dele demonstrar os seus usos e tradições a todos aqueles que não conhecem as Terras de Jou. A mais ilustre figura arquitectónica da freguesia é sem duvida a Igreja matriz de Sto. André. Mas para além desta igreja, existe um Santuário com uma capela, denominada a capela de Sta. Isabel. No entanto, existem outras capelas que se encontram espalhadas pelos bairros da freguesia. É de referir a existência de uma casa brasonada datada do séc. XVII no bairro de Toubres. Encontram-se ainda por toda a freguesia fontes de mergulho que abasteciam a população de água. Existem, também, moinhos de água, que outrora moíam trigo ou centeio produzindo assim a farinha para o fabrico do pão. Sempre ouvi dizer às pessoas de mais idade que por vezes numa localidade somos conquistados pelo comer. Concerteza se alguém tiver o prazer de saborear a gastronomia de Jou ficará conquistado. A freguesia de Jou tem como principais iguarias: enchidos, presunto, folar, perdiz com molho de vinagre, canja de perdiz, caldo de cebola com unto, caldo de castanhas, milhos com carne de porco, palhada ( vagens secas com feijões), chouriços azedos, farinheiras e batata cozida torrada na grelha, bolo de castanha. O artesanato é uma característica que identifica uma localidade e as suas gentes. Em Jou, neste campo, temos as mantas de trapos, cobertores de lã de ovelha, lençóis de linho, teixas, chapéus e polainas, bantais de burel, cestas de vime, croças, tapete de penas de aves, socos e socas.
Usos e Costumes
" Cada roca com seu fuso, cada terra com seu uso", tal como diz este provérbio cada terra (aldeia) tem seus usos, costumes e tradições.
A freguesia de Jou não foge a essa regra, podemos referir em relação a esses parâmetros os jogos populares (malha, jogo do galo, jogo do cepo...). Nos usos e costumes temos os casamentos que se realizam no Sábado "gordo", ou seja, no Sábado antes do Domingo de Carnaval, a serrada da velha que é numa Quarta-feira ao meio da Quaresma, a queima do velho (espantalho) na passagem de ano, o acender a fogueira na rua ou num largo na noite de consoada e passagem de ano, a matança do porco, a desfolhada do milho, os bailes nas eiras. Estes usos, costumes e tradições levam a aldeia de Jou a entranhar-se nos seus antepassados que lhe configuraram muitas das características que hoje se presenciam, deles se fez a história desta aldeia. Por essa razão, Jou através da Associação Cultural (ACDS) tem tentado manter vivos esses antepassados para que não fiquem esquecidos na memória desta terra e desta gente.”

Foi desta forma que Cristina Serôdio descreveu as raízes da sua freguesia. Assim o “Diário de Trás-os-Montes” agrade-se a forma amável e simpática como recebeu a nossa equipa de reportagem no GAC – Gabinete de Apoio ao Cidadão da Junta de Freguesia de Jou.



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