Cortejo do carro, galhofa, corrida da rosca e festa do ramo marcam a época natalícia nesta freguesia do concelho de Bragança

Os rapazes puxam o carro do Santo Estêvão para percorrer as ruas da localidade de Parada, no concelho de Bragança. A viagem faz-se a um ritmo veloz e com paragens, apenas, em casa dos mordomos da festa, que oferecem à rapaziada vinho, licores e a doçaria da época natalícia. Em cima do carro de bois seguem os mordomos novos e o presidente da Junta, que é um dos anfitriões da festa.
Na passada sexta-feira, a tradição voltou a cumprir-se em Parada. Tudo começou com um almoço convívio para toda a população, em que quatro pessoas se auto-nomeiam como mordomos para organizarem a festa no ano seguinte. “Há uma mesa onde se senta o presidente da Junta, o pároco e os quatro mordomos, que se oferecem para organizar as actividades”, conta o presidente da Junta de Freguesia de Parada (JFP), António Pires.
Os tempos mudam e a vontade das pessoas se associarem à tradição começa a esmorecer. “Este ano foi complicado arranjar os mordomos, porque ninguém se queria sentar à mesa. Mas, à última hora há sempre alguém que se oferece para não deixar morrer a tradição”, realça o autarca.
Aliás, esta é a tradição mais forte da freguesia, que reúne todas as pessoas residentes na aldeia e noutras paragens, que, nesta altura do ano, se deslocam à sua terra natal.
Depois do almoço para toda a comunidade, o carro de Santo Estêvão percorre a aldeia, assinalado por dois mascarados, que se encarregam de desviar o trânsito e os transeuntes. A viagem decorre a um ritmo alucinante e não pode ser interrompida, à excepção das pausas obrigatórias em casa dos mordomos ou nos cafés, quando os rapazes agarram alguém que levam em cima do carro para pagar a rodeada de bebidas. O trajecto é marcado por cantorias, que vão animando os participantes e os curiosos que assistem à festa.

Tradições seculares reúnem a população de Parada em plena época natalícia

As festividades da época natalícia são vividas com muita intensidade. Tudo começa na noite do dia 24 de Dezembro, com o início da Festa do Ramo, marcada por cinco bailes da rosca. “Cada mordomo faz o seu baile da rosca, que é arrematada para angariar fundos para a Comissão fabriqueira. No final é arrematado o ramo da ponta e o dinheiro é distribuído pelos quatro mordomos”, explicou o presidente da JFP.
Com cerca de 450 habitantes diários, Parada reúne, nesta altura do ano, cerca de 700 pessoas, que se deslocam à aldeia para passar o Natal com a família e para participarem nas festividades tradicionais.
“É a festa mais bonita que temos, porque é a única em que pedem dinheiro às pessoas, mas depois são brindadas com o almoço comunitário. Depois também festejamos o Carnaval e temos festas no Verão, que reúnem os emigrantes”, realçou António Pires.
A par da festa da rosca e do cortejo do carro, as comemorações do Santo Estêvão contam, ainda, com a corrida da rosca e com a galhofa, uma iniciativa alusiva às lutas greco-romanas. O curral do Santo Estêvão acolhe os rapazes, que demonstram a sua força, numa luta animada em cima da palha.
A par da preservação das tradições, a JFP também tem apostado em melhoramentos na freguesia, de forma a contribuir para a qualidade de vida da população. “Melhoramos os caminhos, fizemos calcetamentos, estamos a fazer os passeios e já temos um projecto para fazer um Centro de Convívio na anexa de Paredes”, enumera António Pires.
Quem passar pela freguesia de Parada pode, ainda, apreciar o património, nomeadamente as igrejas e capelas, o berrão do adro, a ponte romana e os fontanários.



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