Mais de cinco mil turistas por ano que querem conhecer os encantos da aldeia

Montes, vales e os rios Maçãs e Angueira completam um quadro único de beleza natural, em que as fragas salpicam de castanho e cobre o verde de campos que se iluminam com os raios de sol. O vento transporta memórias e pedaços de história que há muito se entranharam nas gentes e paisagens do Nordeste Transmontano.
Terra de profundos contrastes, Algoso, no concelho de Vimioso, contrapõe a aridez e robustez dos solos e campos que a cercam, com as cores inebriantes dos jardins que dão as boas-vindas a todos os que por lá passam.
Conhecida pelo castelo que se impõe no Monte da Penenciada, a mais de 600 metros sobre o rio Angueira, a freguesia oferece isso e muito mais a todos os visitantes e curiosos, como a igreja matriz, o pelourinho, o antigo edifício da Câmara e as capelas de São João e São Roque, entre muitos exemplares históricos.
O pequeno castelo integrava uma linha defensiva antiquíssima, em conjunto com as fortificações de Milhão e Santulhão, e proporciona vistas deslumbrantes, a partir das quais se pode contemplar, entre muitas outras coisas, a antiga ponte romana sobre o rio Angueira. No recinto envolvente, pode visitar-se, ainda, um templo antigo que seria, primitivamente, a igreja matriz daquela localidade e que surge associada à lenda da Senhora do Castelo (ver caixa).

Algoso era ponto de passagem obrigatório para os romeiros que percorriam o Caminho de Santiago

Rica em estórias e património, Algoso é, também, conhecida pela Fonte Santa, na Capela de São João. Seria aí que, em tempos idos, os romeiros que percorriam o Caminho de Santiago lavavam os pés e descansavam antes de continuarem viagem. “Há quem diga que a água é milagrosa e que os cerca de dois mil romeiros que passavam por aqui aproveitavam para se refrescar”, explicou o presidente da Junta de Freguesia de Algoso (JFA), Luís Manuel.
Antiga vila e concelho, Algoso não perdeu a “majestade” de outros tempos. Além do património histórico, conserva animação e movimento, bem como várias pessoas a passearem pela aldeia ou, simplesmente, sentadas a conversarem. Apesar do “mal” da desertificação e envelhecimento da população que atinge o Nordeste Transmontano em geral, a freguesia orgulha-se da agitação originada pela procura constante de turistas. “Temos muitos visitantes, mas gostaríamos de poder ter alguém a tempo inteiro que os pudesse receber e manter as portas do castelo sempre abertas”, lamenta o autarca.
A JFA bate-se, ainda, pelo avanço da mini – hidríca do rio Angueira, cujo processo enfrenta, actualmente, um impasse. “Só há entraves, o que é muito mau, pois este projecto podia trazer riqueza à região, bem como alguns postos de trabalho”, aponta Luís Manuel.

A lenda da Senhora do Castelo

Rica em lendas, uma das mais famosas de Algoso é a da Senhora do Castelo, passada de avós para netos e de pais para filhos. Segundo se diz, um lavrador pousou o seu bebé enquanto andava no campo.
Quando foi à procura do filho, não o encontrou. Depois de dar umas voltas, apareceu-lhe um crocodilo que engoliu o pequeno. Com uma machada, o agricultor obrigou o animal a vomitar a criança, que permaneceu intacta. Após matar o crocodilo, o lavrador tirou-lhe a pele que, ainda hoje, se encontra pendurada numa parede da capela situada junto do Castelo de Algoso. “É uma lenda, mas existe, de facto, a pele do crocodilo e está visível para toda a gente”, relatou o presidente da JFA.



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