Em tempo de crise económica, a apanha da castanha continua a ser uma forma de aumentar o rendimento das famílias da Terra Fria Transmontana. Há quem tire férias nesta altura, só para fazer este trabalho. Um dia vale 40 euros.

A fileira continua a ocupar mão-de-obra sazonal, mas a escassez de recursos humanos nas aldeias está a obrigar muitos produtores a contratar trabalhadores de outras regiões do país ou até mesmo estrangeiros, principalmente imigrantes de países de Leste. Na corda de aldeias do sul do concelho de Bragança, como Pinela e Carçãozinho, grupos de romenos aproveitam a castanha para se ocupar no Outono, depois de no Verão terem andado na campanha da maçã.

Este ano o dia de trabalho é pago a 40 euros, quantia baixa para quem trabalha e elevada para quem paga. \"Contratei cinco pessoas, mas fica dispendioso porque o preço da castanha este ano está baixo, cerca de um euro. Não tenho outra alternativa porque na aldeia já não há gente para fazer o serviço\", explicou um agricultor.

Arménio Oliveira, residente em Gondomar, mas proprietário de uma segunda habitação em Pinela, deslocou-se propositadamente a Trás-os-Montes para apanhar as castanhas de um souto que comprou há uns anos, que produz cerca de 300 kg. \"São para consumo próprio, mas também vendo\", contou.
A castanha é um sector importante na economia transmontana, onde é colhida 80% da produção nacional, tendo um peso de 3% na produção total de frutos frescos. Anualmente gera entre 70 a 80 milhões de euros de receitas.

Armando Bento, presidente da Monteval-Associação para o Desenvolvimento Económico e Rural da Terra Fria, não tem dúvidas que a cultura tem um papel fulcral no rendimento de algumas famílias, pois é a mais rentável. \"Por isso muitos produtores continuam a contratar pessoal para trabalhar, portugueses ou estrangeiros. Raramente um agricultor deixa a castanha no campo\", disse.

Também os idosos complementam as suas reformas com a castanha. Carmelina Pires, 68 anos, residente em Oleirinhos, apanha com mãos desembaraçadas a colheita de um souto que não lhe pertence. No final reparte a castanha que apanhar com o proprietário dos castanheiros.

Cândida Afonso, reformada, 60 anos, residente em Pinela conta com a ajuda preciosa dos filhos que aos fins-de-semana \"vêm para a apanha da castanha\".



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