A Comissão Técnica de Inquérito ao acidente na Linha do Tua, que provocou um morto e 37 feridos, admite que possa ter havido um abatimento da via, mas diz não ter elementos suficientes para concluir o que esteve na sua origem.

Dois meses depois do acidente ferroviário, ocorrido a 22 de Agosto, entre as estações de Brunheda e Tralhão, que causou a quarta morte na linha do Tua, no último ano e meio, a Comissão Técnica de Inquérito (CTI) entrega, hoje, o relatório final ao Ministro dos Transportes e Obras Públicas, depois de Mário Lino ter aceite prorrogar o prazo inicial, que terminou no final do mês de Setembro, alegando que os estudos especializados da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e de outras entidades ainda decorriam e que os mesmos eram determinantes para apurar as causas do acidente.

Segundo apurou o JN, a CTI teve muita dificuldade em elaborar um relatório suficientemente conclusivo, tendo em conta que os pareceres solicitados a diversas entidades são muito ambíguos, apesar de se inclinarem para que o problema esteja na infra-estrutura.

Uma ligeira inclinação da via, no local onde aconteceu o descarrilamento, alegadamente provocada por um abatimento da linha, é a causa mais provável para que tenha ocorrido o acidente. No entanto, a CTI não encontra explicações para esta situação ter acontecido, admitindo-se vários cenários, que passam pela abertura de uma vala que a Refer fez junto à linha para a instalação de um cabo de fibra óptica, dois meses antes do acidente.

A falta de investimento na via-férrea pode ter levado a uma estado de degradação tal que se foi acumulando com a passagem constante das máquinas de manutenção da linha e até das composições do Metro. Isto porque, embora seja verdade que tem havido investimentos na linha do Tua, por parte da REFER, também é certo que têm sido direccionados para a eliminação de passagens de nível, introdução de fibra óptica, consolidação de aterros e trincheiras, sendo que há mais de 15 anos o troço onde aconteceram os últimos acidentes não tem sido renovado.

A CP assegura que automotora acidentada estava em perfeitas condições, tendo sido vistoriada no dia anterior ao descarrilamento.

Já a REFER aponta mais para que o material circulante não seja o mais adequado.

Perante estas conclusões tão distintas entre os elementos da CTI - composta por elementos da CP, REFER e Metro de Mirandela - vai ser proposto a Mário Lino que sejam aprofundadas as causas, nomeadamente após a FEUP apresentar o seu relatório final, dado que apenas apresentou resultados preliminares.

Uma situação já prevista pelo coordenador desta equipa, Raimundo Delgado, quando afirmou ao JN que, em 30 dias seria impossível apresentar conclusões científicas sobre o que esteve na génese deste acidente.



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