O Instituto Politécnico de Bragança (IPB) vai ajudar a formar os primeiros quadros em ciências agrárias na província angolana do Cuanza Sul numa nova escola superior. O projecto tem quase seis anos e foi apresentado hoje em Bragança na presença de responsáveis do IPB e do governo regional do Cuanza Sul, uma das mais dinâmicas províncias angolanas, em termos económicos. \"Deus passou por lá\", foi assim que o vice-governador Victor Silva apresentou a diversidade de potencialidades desta província angolana, referindo os diamantes, cobre, águas gaseificadas ou termas.

A agricultura é, no entanto, o principal sector de actividade, absorvendo 90 por cento dos dois milhões de habitantes do Cuanza Sul. De acordo com os responsáveis locais, nos últimos trinta anos não têm sido formados técnicos das ciências agrárias naquele país, uma situação que pretendem inverter. A partir do próximo ano lectivo angolano, que tem início em Março de 2008, começará a funcionar na capital da província, no Sumbe, a primeira escola Superior Agrária de iniciativa de um governo regional.

O IPB, através da sua Escola Superior Agrária, foi o responsável pela elaboração dos planos curriculares, selecção de docentes e conteúdos programáticos dos três cursos previstos: zootecnia, agronomia e gestão agrária. Os docentes de Bragança serão os responsáveis pela regência das cadeiras nos próximos três anos e pela formação dos professores seleccionados no Cuanza. O acordo prevê ainda intercâmbio de professores e alunos e cooperação na investigação e expansão do projecto às áreas da saúde e tecnologias. A ideia, segundo os responsáveis, é criar no futuro, a partir desta escola, um instituto politécnico.

O governo da província pretende, desta forma, contribuir para o esforço nacional de reconstrução do país e de reconciliação dos cidadãos depois da guerra. O ex-governador da província e actual ministro das Obras Públicas angolano, Egídio Carneiro, foi um dos protagonistas do protocolo que originou esta cooperação, em Setembro de 2001.

As regiões de Bragança e do Cuanza têm em comum a agricultura como principal sector de actividade, mas apresentam realidades diferentes. O distrito de Bragança estende-se por uma área seis mil vezes superior à província angolana, mas 13 vezes menos população, com menos de 150 mil habitantes dispersos por seis mil quilómetros quadrados.

Interioridade e litoral

O problema da interioridade de Bragança diverge da localização litoral do Cuanza, entre duas das principais cidades angolanas, a capital Luanda e o Lobito. O presidente do IPB, Sobrinho Teixeira, congratulou-se com a cooperação iniciada pelo sei antecessor, Dionísio Gonçalves, e na qual deposita expectativas para a expansão do instituto.

A parceria com o Cuanza do Sul vai alargar-se ao apoio à comunidade local, ao nível da realização de análises das águas, e na cooperação empresarial, estando já previsto para 2009 um evento técnico-científico organizado em conjunto. Para Sobrinho Teixeira, esta cooperação pode garantir também a sustentabilidade do IPB numa região com acentuado decréscimo demográfico.

O presidente do instituto acredita que esta dinâmica pode ajudar a cativar alunos, apesar de os cursos da área agrária registarem cada vez menos procura. O IPB tem ainda em curso outro projecto de cooperação com Angola, na área das novas tecnologias, no Huambo, e um terceiro projecto com Cabo Verde na área da informática.

No âmbito da cooperação entre Portugal e os PALOP, conta com mais de 200 alunos oriundos daqueles países entre os cerca de seis mil estudantes que frequentam os cinco escolas superiores: Saúde, Tecnologia e Gestão de Bragança e Mirandela, Agrária e Educação.



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