Terminou ontem em Bragança sob um sol escaldante a 24ª edição dos Lés-a-Lés, numa aventura iniciada em Faro e que trouxe a até ao Nordeste cerca de 2400 participantes.

A última etapa realizada no domingo teve início na Covilhã rumo ao Parque Natural do Douro Internacional, através de Barca de Alva estrada nacional 221, rebatizada de ‘Simone de Oliveira’, por força das semelhanças com a cantora e atriz, tantas são as curvas e contra curvas de Freixo de Espada à Cinta até à paragem em Mogadouro

O percurso até Miranda do Douro, já bem dentro do parque do Douro Internacional, os motociclistas, tiveram várias opções na parte final do percurso, entre as visitas aos miradouros de Picões, Freixiosa e São João de Arribas. Além da imperdível e obrigatória passagem pela espetacular sede do Moto Clube Abutres do Asfalto, na recuperada estação ferroviária de Sendim, onde não faltaram as Pauliteiras de Sendim (sim Pauliteiras!, meninas).

Já os mais conhecidos Pauliteiros de Miranda estavam em força na aldeia da Freixiosa, onde teve lugar uma das mais espetaculares demonstrações de dinamismo e carinho regional de que há memória em mais de duas décadas de Lés-a-Lés. Depois de, na véspera, os Conquistadores de Guimarães terem feito ‘estragos’ em Penha Garcia, ‘voltaram à carga’ com cerca de meia centena de figurantes na mais pequena aldeia da Freguesia de Vila Chã de Braciosa. Onde Dalila Valentim, a ‘filha querida’ que a todos os habitantes da Freixiosa acode, indo muito além das funções de tesoureira da junta não se poupou a esforços para criar um momento inolvidável. Apaixonada pela sua aldeia natal, não esqueceu o berço mesmo depois de passagens da vida por França, Porto e Lisboa. “Há 3 anos surgiu a oportunidade de voltar e logo foi aceite sem hesitar. Daí para cá, todo o trabalho é feito em prol da população, de média etária muito, mas mesmo muito, elevada”. E aqueles que são o casal mais jovem da terra, pais da mais nova habitante da aldeia, Matilde, de 10 anos, tudo fizeram nas últimas semanas para reunir as condições para uma grande festa.

“O desafio lançado pela presidente da autarquia de Miranda do Douro foi levado muito a sério, motivando toda a população e artesãos de Freixiosa e Fonte da Aldeia, num evento que será, seguramente, recordado por muitos anos”. Isto é, afinal, a essência do Portugal de Lés-a-Lés, criado em 1999 por força do entusiasmo de cinco motos clubes (Porto, Estarreja, Mototurismo do Centro, Motards do Ocidente e Lisboa). Descobrir a essência de Portugal, as suas paisagens e gentes, as suas estradas e artesanato, como as navalhas de Palaçoulo, as gaitas de foles e castanholas, as peças criadas a partir do burel.

Daí até ao epílogo, em Bragança, a passagem por Miranda do Douro ajudou a perceber a importância do mirandês, a 2.ª língua oficial de Portugal, bem patente na toponímia das terras atravessadas. Bem como o valor dos burros de Miranda, raça que esteve quase extinta e foi recuperada por algumas associações como o Parque Ibérico de Natureza e Aventura de Vimioso onde estava um dos últimos dos 18 controlos que atestavam o cumprimento total do percurso gizado pela Comissão de Mototurismo da FMP.

E, claro, Lés-a-Lés sem caminhos terra não é aventura que se preze. Por isso, ainda antes da chegada a Bragança, tempo para um desvio com direito a passagem pela ponte visigótica sobre o rio Maçãs, construída no século XIV.

Por falar em festa, momento alto desta edição foi um insólito pedido de casamento em pleno palanque de chegada do habitué dos moto-ralis João Correia à sua companheira de sempre, Rita Martins. Que disse que sim!

Assim terminou ao fim da tarde, a receção aos 2200 motociclistas em Bragança, em pleno Parque Eixo-atlântico, onde alguns participantes foram brindados com uma sessão de massagens para retemperar forças antes do regresso a casa. Como nota positiva deste evento podemos garantir que fez abrir alguns dos restaurantes que habitualmente fecham ao domingo só para servir re4feições aos que por aqui pernoitaram.

 


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