Há 50 anos, havia em Castelãos 10 tecelãs. Hoje, ainda ali vivem cinco. Uma delas é Maria Alice Sequeira, com 83 anos. Esta idosa aprendeu a fazer mantas de farrapos (fandelas) aos 15 anos, com uma vizinha.

Para este trabalho eram utilizados os farrapos, normalmente coloridos, que já não servissem em casa. Esta era, aliás, uma tarefa que na época qualquer dona de casa aprendia a fazer, mesmo as das aldeias onde não havia a tradição dos teares. As tecedeiras de Castelãos já conheciam as suas clientes, que em regra provinham das aldeias vizinhas de Grijó, Vilar do Monte, Vale da Porca e Vale de Prados.

Os alforges, os sacos para recolher os cereais, as mantas para cobrir as camas e os tapetes para o chão dos quartos eram os trabalhos mais solicitados, mas as encomendas abrangiam também os lençóis de linho e as colchas de lã, peças que faziam parte do recheio doméstico que cobria o imaginário de cada dona de casa da época.

Como qualquer arte do mundo rural, a tecelagem não enriquecia quem a exercia. Isto porque há 50 anos uma manta não custava mais que 10$00. E por cada lençol, que levava três varas de tecido de linho e demorava três dias a fazer, cobravam-se apenas 15$00.

Aos 60 anos, por altura de começar a receber a reforma da Segurança Social, Maria Alice, tal como outras tecedeiras, arrumou o seu tear. E antes que apodrecesse, queimou-o, passados alguns anos. O desuso e a falta de espaço para guardar memórias são os motivos que levaram as tecedeiras a desfazerem-se dos seus antigos instrumentos de trabalho. Por isso, em Castelãos já são poucos os teares que existem.

Castelãos era uma terra onde havia todas as profissões. No entanto, nos dias de hoje, se um homem quiser cortar o cabelo tem de ir ao barbeiro a Vilar do Monte, e se precisar de ferrar um animal tem de ir a Grijó. Sinais dos tempos...



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