A Câmara de Bragança elaborou, com a vizinha região de Zamora, um plano de mobilidade que pretende «desencravar» o Nordeste Transmontano e criar uma nova centralidade ibérica. Novas auto-estradas, desenvolvimento do transporte aéreo e interfaces com os comboios de alta velocidade (TGV) são algumas das vertentes da proposta.

Que conseguiu o apoio do Governo, já que o ministro Mário Lino assumiu, no passado fim-de-semana, vários compromissos que constam do documento luso-espanhol.

Com o \"Estudo de Viabilidade de Novas Ligações Rodo e Ferroviárias entre a Terra Fria Transmontana e o Noroeste da Província de Zamora\", a Autarquia pretendia demonstrar aos governos de Lisboa e de Madrid que Bragança pode ter um papel fundamental no desenvolvimento da região transfronteiriça.

O estudo, elaborado no mês passado, propõe a implementação do que designa como Sistema Multimodal Bragança-Puebla de Sanábria, definindo as infra-estruturas a desenvolver articulação das auto-estradas A4 (Portugal) e A52 (Espanha), transformação do aeródromo municipal de Bragança em aeródromo regional e ligação à ferrovia de alta prestação em Espanha.

A interligação do transporte aéreo, ferroviário e rodoviário será conseguida através da construção de um nova rodovia, ligando Bragança a Puebla de Sanábria, integrando a rede viária portuguesa (IP4, futura A4), com a espanhola A52, o que corresponde ao prolongamento do IP2.

Prioritárias são também a qualificação e a valorização do aeródromo de Bragança, de modo a reforçar as ligações regulares com Lisboa e as ligações sazonais aos grandes centros turísticos e aos espaços europeus de fixação de emigrantes e de origem de imigrantes.

O estudo aponta também para o aproveitamento da passagem da linha ferroviária de alta velocidade espanhola (TGV) - entre Vigo, Orense, Zamora, Valladolid e Madrid -, potenciando uma estação em Puebla de Sanábria. \"Este sistema garantiria uma integraçãoda região nas redes ibérica e transeuropeia de transportes\", referiu Jorge Nunes, autarca brigantino.

O presidente da Edilidade considera que através deste trabalho o Governo pode ver que \"há soluções para os problemas\". Para Jorge Nunes, \"trata-se de uma ajuda e uma tentativa para que o Governo faça a leitura da importância destas ligações\".

A consolidação de uma ligação fluida entre Bragança e Puebla de Sanábria daria à região acesso a áreas economicamente dinâmicas, como a plataforma logístico-industrial de Benavente, o nó de comunicações de Valladolid e os litorais industrializados da Galiza e do Norte de Portugal, incluindo os portos de Vigo e de Leixões, e o aeroporto internacional do Porto.

O estudo estratégico, fruto de uma colaboração entre Bragança e Zamora, foi enviado aos governos português e espanhol, com o objectivo de apressar a decisão. A julgar pelas promessas do ministro das Obras Públicas, durante a visita deste fim-de-semana ao distrito de Bragança, as propostas foram bem acolhidas. Para além da transformação do IP4 em A4, Mário Lino avançará com a ligação a Puebla de Sanábria e a requalificação do aeródromo.

30 milhões de euros

é o custo estimado para a concretização do Sistema Multimodal Bragança-Puebla de Sanábria (requalificação do aeródromo, ligação rodoviária entre as cidades e estação de TGV).

680 milhões de euros

custará a construção da A4 entre Amarante e Quintanilha, sendo que o troço mais barato será o mais longo, uma vez que aproveitará o actual traçado do IP4 entre Vila Real e Bragança.

Construção da A4 pronta até 2011

A transformação do IP4 em auto-estrada é fundamental para o plano de Bragança e Zamora. E o Governo comprometeu-se a avançar com a obra entre Vila Real/Bragança já em 2007, por 300 milhões de euros. Ainda este ano avança o troço Amarante/Vila Real, que inclui um túnel de seis quilómetros no Marão e custa 380 milhões de euros. Ambos os troços deverão estar funcionais em 2011.

Fazer o IP2 e seguir mais para o Norte

Para além da A4, o Governo também garante concluir até 2012 o IP2, que liga Portugal pelo interior, entre Faro e Bragança. Para dar continuidade ao IP2 para Norte, será construída uma via entre Bragança e Puebla de Sanábria, prevista há vários anos, mas encalhada em obstáculos ambientais, devido à travessia do Parque Natural de Montesinho. Uma via que aproximaria o aeródromo de Bragança, que será integrado no plano estratégico de transporte aéreo, com a futura estação de TGV em Puebla de Sanábria.

Oito mil portugueses

na cidade de Léon

O sistema multimodal do Nordeste Transmontanto e do Noroeste de Zamora permitiria também melhorar a ligação a León, onde residem cerca de oito mil portugueses, dando um suporte físico adicional às dinâmicas de aproximação política, cultural e empresarial.



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