O Instituto Politécnico de Bragança (IPB) quer demarcar-se a nível nacional em três frentes de investigação direccionadas para as potencialidades económicas e problemas sociais da região, disse hoje fonte da instituição.

A criação de três centros de investigação nas áreas das energias alternativas, produtos regionais e idosos são os projectos com o que o presidente do IPB, Sobrinho Teixeira, quer assegurar o futuro da maior instituição do Nordeste Transmontano.

Em declarações à agência Lusa, Sobrinho Teixeira compara a dimensão económica do politécnico a 60 fábricas com 100 trabalhadores cada.

«Muito da economia está associada ao instituto e a este conjunto de pessoas», frisou o responsável, realçando que a perda de dimensão do IPB «mergulharia a região num processo de depressão».

Numa altura em que o ensino superior está perder alunos, a meta do IPB é manter os seis mil estudantes em cinco escolas de Bragança e Mirandela.

Segundo Sobrinho Teixeira, cada aluno dispõe em média do ordenado mínimo para gastar na região, daí a comparação.

Garante que não trocaria um aumento do número de alunos por um reforço dos 16 milhões de euros das transferências anuais do Estado.

Sobrinho Teixeira pretende, no futuro, apostar mais na investigação para tornar a instituição mais atractiva para estudantes e reforçar as relações com a comunidade.

Dos 400 docentes do IPB, 160 são doutorados, um potencial que a direcção quer aproveitar para desenvolver investigação que «impulsione a região a especializar-se também em determinadas áreas».

Daí a ideia de concentrar esforços em duas potencialidades locais, as energias alternativas, nomeadamente a eólica, e os produtos regionais.

Sobrinho Teixeira pretende dar também atenção aos problemas sociais de uma região envelhecida em que a terceira idade reclama mais resposta.

Nesse sentido, é intenção do presidente do IPB concentrar em três centros de investigação docentes e recursos existentes nas diversas escolas, onde estão já a ser desenvolvidos autonomamente projectos nestas áreas.

«Se concentrarmos a investigação nestas áreas, as competências que damos aos alunos vão ser indutoras da criação de pequenas empresas», considerou.

Sobrinho Teixeira acredita também que será possível «estabelecer na região um nicho, quer do ponto de vista empresarial, quer do ponto d avista da investigação, em relação ao país».

Estas metas futuras, que vão ser discutidas a nível interno, articulam-se também com as parcerias estabelecidas no âmbito de uma associação dos politécnicos do Norte, para articulação de sinergias.

O presidente do IPB considerou que «a luta será titânica» para conseguir manter a dimensão de uma instituição de ensino superior situada na região mais interior do país.

Realçou, no entanto, o facto de no último ano lectivo, o politécnico de Bragança ter superado as expectativas institucionais ao aumentar em 700 o número de alunos, enquanto que a generalidade do ensino superior perdeu candidatos.

Para o próximo ano lectivo estão abertas 1500 vagas no regime geral, que tem conseguido atrair alunos de fora da região, já que 65% dos estudantes do IPB não são de Trás-os-Montes.

Por outro lado, o IPB fixa 75 por cento dos alunos de Bragança que entram no ensino superior.

Os chamados novos públicos constituíram no último ano quase metade da procura, nomeadamente os maiores de 23 anos.

Nos novos públicos integram-se também detentores de títulos académicos que regressam ao ensino para aproveitar as facilidades do processo de Bolonha para obtenção de mais um grau.

O IPB tem mais de 200 alunos oriundos dos PALOP, um número que pretende reforçar, assim como a cooperação com instituições dos países africanos, onde está a ajudar a criar escolas de ensino superior, nomeadamente em Angola.

Para atrair alunos, o instituto aposta na manutenção da propina mínima, que o presidente entende como um factor de competitividade, associado ao acessível custo de vida na região.

A direcção do IPB realça o facto de ter sido distinguida este ano pela Associação Europeia das Universidades como «melhor politécnico» do país e de ter obtido um quarto de todos os mestrados aprovados a nível nacional.



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