Com cerca de 80 mil garrafas já comercializadas das colheitas de vinho do Porto de 1963 e 1964, o presidente da Casa do Douro, Manuel António Santos, garantiu, ao JN, que a instituição duriense ainda não recebeu do Estado sequer um cêntimo das vendas já efectuadas.

Segundo o dirigente, \"se o acordo estabelecido com o Poder Central fosse cumprido à risca, a Casa do Douro veria entrar nos seus cofres cerca de 300 mil euros\", montante que decorre da percentagem de 15% por cada garrafa e que reverteria a favor da instituição duriense.

\"Não faz sentido nenhum estarmos a vender milhares de garrafas, quando não está a ser cumprido o combinado. Estava previsto que uma parte da venda seria destinada à recuperação financeira da Casa do Douro. A banca e o Estado têm-nos levado todo o dinheiro e nem um cêntimo aqui fica\", acentuou.

Manuel António dos Santos considera que o valor em causa \"serviria para pagar a totalidade os salários aos trabalhadores da Casa do Douro - que ainda não receberam o salário de Junho e subsídio de férias -, bem como pagar parte das dívidas aos fornecedores\".

Para o presidente da instituição, \"a situação, a manter-se, torna-se insustentável e injusta, contrariando o espírito de todas as negociações e de tudo o que nos prometeram\".

A atravessar uma das maiores crises financeiras de sempre, a Casa do Douro já enviou uma exposição à Direcção-Geral do Tesouro e ao Ministério da Agricultura a pedir a devolução do montante que julga ter direito.

Após uma primeira fase, em que o ritmo de vendas das garrafas foi intenso, a procura esmoreceu um pouco, mas, mesmo assim, as garrafas continuam a vender-se.

Fonte ligada à Casa do Douro lembrou que o organismo tem de suportar os custos da compra das garrafas e do engarrafamento do vinho (nas instalações da Real Companhia Velha, em Gaia), o transporte das garrafas, o custo das rolhas e dos rótulos.

A Casa do Douro colocou à venda um milhão de garrafas de vinho do Porto das colheitas de 1963 e 1964, que pode permitir um encaixe financeiro de 35 milhões de euros. Com esse dinheiro, a instituição pretende reduzir a dívida que, em 1999, ascendia a 100 milhões de euros. Em simultâneo, quer resolver alguns problemas correntes de tesouraria.

Cada garrafa custa 40 euros (1963) e 35 euros (1964) e apenas os cidadãos naturais da Região Demarcada do Douro e seus residentes podem comprar esse vinho. Ao todo, o produto em venda representa 3% dos stocks de vinho do Porto da Casa.



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