O primeiro Ministro José Sócrates confidenciou hoje ter «demorado para perceber a beleza das escarpas do Douro e o encanto das fragas» transmontanas até conhecer artistas da região como Graça Morais, a pintora que hoje homenageou em Bragança.

José Sócrates disse, na inauguração do Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança, partilhar actualmente com a pintora transmontana «o amor à terra», que esta tem transposto para as telas e que a levou a envolver-se neste novo projecto apontado pelo primeiro Ministro como exemplo para as cidade médias.

Com raízes familiares no concelho transmontano de Alijó, José Sócrates confidenciou que «detestava fazer a viagem à terra» na sua juventude, pelas más estradas da região que promete melhorar, mas também porque não conseguia ver a «beleza das escarpas do Douro e o encanto das fragas» de que lhe falava o pai.

«Durante 20 anos nunca fui capaz de perceber aquilo, até que li um poema de Miguel Torga», disse.

Na arte do escritor e da pintora transmontanos, o primeiro-ministro encontrou «o amor à terra», que agora também diz partilhar.

José Sócrates quis associar-se à inauguração do centro, resultado de um projecto ibérico conjunto com a cidade espanhola de Zamora, pela admiração que tem pela pintora e por considerar este empreendimento «um exemplo a seguir pelas médias cidades portuguesas».

Para José Sócrates a oferta cultural é fundamental para transformar as cidades de média dimensão, como Bragança, em pólos de atracção.

«O sucesso económico do país depende do sucesso económico das cidades», referiu.

O Centro de Arte Contemporânea Graça Morais tem a assinatura do arquitecto Souto Moura, um nome que promete também ajudar a dinamizar aquele espaço, atraindo revistas da especialidade, estudantes e interessados em arquitectura moderna.

A pintora Graça Morais promete oferecer, sobretudo aos jovens, uma dinâmica cultural que não tinha nos seus tempos de estudante no liceu de Bragança.

«Gostava que não sentissem o isolamento que eu tive», disse à Lusa, recordando que nessa altura existia pouco mais do que o Museu Regional do Abade de Baçal para visitar em Bragança.

O Centro de Arte Contemporânea encerra um ciclo de investimentos de 25 milhões de euros, que criaram diversos equipamentos, desde biblioteca a conservatório de música, teatro e centro culturais.

Sete salas do novo espaço serão ocupadas pela exposição permanente com obras dos últimos trinta anos de graças Morais, que a pintora promete ir «alterando de vez em quando».

Vai continuar a pintar no seu atelier na sua aldeia do Vieiro (Vila Flor) passar mais tempo em Bragança proporcionando visitas guiadas, palestras e outras iniciativas aos visitantes do Centro com o seu nome.

As acessibilidades continuam a ser o maior problema da região transmontana que, o primeiro-ministro prometeu mais uma vez resolver com a construção das principais estradas reclamadas há décadas.

Num dos mais isolados concelhos da região, Mogadouro, Sócrates inaugurou uma unidade de cuidados continuados e assinou o contrato para a primeira creche de Mogadouro.

Com a Terceira Idade e a infância na agenda, o primeiro-ministro não deixou de lembrar que ainda este ano, em Setembro ou Outubro será lançada a construção do itinerário IC5, que vai desencravar este e outros concelhos da região.

Na mesma altura será lançado o IP2, entre Macedo de Cavaleiros e a Guarda e a auto-estrada Transmontana, entre Vila Real e Bragança, segundo disse.

O primeiro-ministro não tinha números, mas garantiu que o valor destas estradas e do reforço do potencial hidroeléctrico em barragens correspondem ao «maior investimento de sempre nesta região».



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