A falta de pluviosidade que assola o país há mais de dois meses está a causar graves danos das mais diversas origens. Em Trás-os-Montes, o tempo seco e ventos fortes têm dado azo a uma quantidade inusitada de incêndios florestais. No interior, a seca mata animais de sede e fome e, no Algarve, à eterna falta de água junta-se, agora, o problema de que o corte da quota destinada a regadio poder destruir hectares de citrinos.

Mas um dos maiores problemas que surge, agora, vem de uma zona quase insuspeita o Douro. Segundo o administrador do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM), Francisco Lopes, \"as barragens estão paradas quando, em invernos normais, é costume produzirem energia continuamente. Bagaúste, Crestuma, Carrapatelo, Valeira, Pocinho, Picote, Miranda e Bemposta têm níveis de água de escassos metros cúbicos\".

Francisco Lopes lembra que \"em Portugal, não há capacidade de armazenamento, porque não se construíram as barragens do CÎa e do Sabor e a pouca água que existe vem das barragens espanholas de Ricobayo e Almendra, que também já estão muito abaixo dos níveis normais para a época\", entre 30% e 40% da capacidade, quando em anos normais, durante o mês de Agosto, costumam estar a 70%.

Na realidade, a produção de energia nas barragens portuguesas só está a ser feita em picos de consumo e por períodos muito curtos do dia. Segundo fonte da EDP, \"tem sido necessária uma gestão muito prudente da água, que é importante também para outros fins que não a produção hidroeléctrica, num ano anormal, em termos climatéricos\". A mesma fonte explicou que a EDP \"está a recorrer muito mais do que o normal à produção pela via térmica, através das centrais que funcionam a carvão, fuel e gás natural, um processo mais caro\". No entanto, acrescenta \"Não é líquido que isso se repercuta de imediato nos custos, uma vez que está previsto um equilíbrio entre produção térmica e hídrica\".

Francisco Lopes acusa, ainda, que a qualidade da água do Douro, \"está muito degradada, pois os esgotos são os mesmos e não há reposição, sendo visíveis algas, limos e bactérias no rio, nas margens, cais, taludes e até nos cascos das embarcações\".



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