Escutas telefónicas na investigação do Ministério Público (MP) de Bragança efectuadas aos donos das discotecas Montelomeu (ML) e Bruxa permitiram localizar os dois principais arguidos a gerir um bar de prostituição em Espanha. Aconteceu depois do encerramento do ML e numa altura em que já tinham escapado à acção da Justiça.

De acordo com informações recolhidas pelo JN, o casal de arguidos - ele, português de 38 anos, nascido em França, e ela, brasileira, de 37, ambos acusados de 140 crimes de lenocínio - chegou a ser referenciado como proprietário do bar \"Playboy\", em Alcanices, a 44 quilómetros de Bragança.

O bar, que terá prosseguido a actividade de prostituição nos moldes do ML e Bruxa, foi inaugurado após 15 de Fevereiro do ano passado, depois da apreensão do primeiro estabelecimento, data em que também foram encerrados o Top Model e Nick Havana. E depois de o principal arguido ter pedido para ser interrogado pelas autoridades, sem qualquer resposta.

Depois disso, apesar de o MP ter fortes suspeitas sobre a localização dos donos dos bares, através de escutas a um telemóvel da Vodafone, as autoridades não conseguiram cumprir os mandados de detenção pendentes.

Entretanto, o duo, a que se juntam mais cinco acusados, tidos como cúmplices, também já não se encontrará em Espanha, país onde poderia ser facilmente encontrado, mediante o mandado de captura internacional entretanto emitido. Fonte conhecedora do processo afirmou, ao JN, que o mais provável é os dois arguidos terem fugido para o Brasil, de onde a mulher é natural.

As mesmas escutas telefónicas, entretanto juntas ao processo no Tribunal de Bragança, terão ainda apanhado conversas entre os arguidos e os respectivos advogados. O que pode configurar uma ilegalidade, por violação do direito à privacidade de contactos com defensores.

Transferências para o Brasil

Na investigação a mais este caso denunciado pelas \"mães de Bragança\", o MP detectou ainda mudanças de titularidade na gestão dos bares onde alegadamente eram exploradas mulheres originárias da América do Sul para a prática de prostituição. Ao longo dos anos, os lucros terão atingido 4,5 milhões de euros.

Apesar de os contratos estarem datados de períodos anteriores, o procurador do MP crê que se trataram de manobras para baralhar a investigação. O negócio estaria, sim, a ser gerido apenas por \"testas-de-ferro\". Por outro lado, a análise a transferências bancárias entre os arguidos também terá apontado no mesmo sentido. Inclusivamente, apurou o JN, avultadas quantias tiveram o Brasil como destino. No fim da investigação, o Tribunal ordenou o arresto dos imóveis onde funcionavam os bares, cinco automóveis e o dinheiro de dez contas bancárias.



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