O Sindicato dos Trabalhadores da Construção do Norte afirmou hoje, no Porto, que muitos portugueses estão a ser tratados como «escravos» em obras espanholas e anunciou que irá deslocar-se àquele país para conhecer a «real situação».

Em conferência de imprensa, Albano Ribeiro disse que a situação do sector da construção civil em Portugal é \"das piores de sempre\", explicando assim a deslocação para Espanha de \"milhares\" de portugueses que aceitam trabalhar em condições diferentes dos colegas espanhóis.

\"Muitos são tratados como escravos ao trabalharem 14 horas diárias, sábados e, por vezes, domingos\", sublinhou.

No que respeita ao salário, segundo o dirigente do sindicato, \"os portugueses ganham em média 800 euros, enquanto os espanhóis, trabalhando no mesmo local, fazendo o mesmo trabalho e apenas efectuando o horário normal, ganham 1.400 euros\".

\"Os trabalhadores portugueses deveriam receber, aproximadamente, 2.150 euros mensais\", disse.

Lamentando esta situação de \"discriminação e exploração\", Albano Ribeiro manifestou a intenção de se deslocar, em Abril, a várias cidades espanholas (Vigo, Madrid, Valência e Bilbau) para ver \"in loco\" as condições em que trabalham os portugueses.

Neste périplo por Espanha, Albano Ribeiro disse que irá ser acompanhado por responsáveis do sindicato congénere espanhol.

O dirigente sindical considerou ainda \"inaceitável que em Fevereiro tenha morrido um trabalhador português, vítima de queda em altura, tendo sido posteriormente colocado numa carrinha e transportado para Portugal\".

\"Este macabro acontecimento terá de ser denunciado à Polícia Judiciária para que a situação seja esclarecida e se tomem medidas adequadas ao acontecimento\", disse Albano Ribeiro, sem adiantar mais pormenores sobre a identidade do sinistrado, designadamente de onde era natural.

Esclareceu apenas que o trabalhador residia na zona do Minho e que terá morrido num empreendimento em Vigo.

Para prevenir situações como esta e travar a deslocação dos trabalhadores portugueses para outros países, o Sindicato propÎs um conjunto de medidas, entre as quais, \"a demolição, por todo o país, de bairro habitacionais, que não possuam o mínimo de habitabilidade e que sejam da responsabilidade do poder local e central\".

O objectivo seria \"a construção de bairros sociais de qualidade, pagando cada morador de acordo com a sua real capacidade económica\".

Do mesmo pacote de propostas fazem parte a construção de novas vias ferroviárias, de itinerários secundários rodoviários e a intervenção na recuperação de imóveis, quer públicos quer privados.

Estas medidas irão ser apresentadas ao novo ministro responsável pelo sector em reunião que o Sindicato vai solicitar de imediato.

\"Estamos certos de que se estas propostas forem aceites pelo ministro das Obras Públicas não haverá desemprego e o sector será relançado economicamente\", acrescentou.



PARTILHAR:

410 fogos

Portugueses tratados como «escravos» em Espanha