Elisabete Lourenço, residente em Pombal, Bragança, teve a sorte de não sofrer ferimentos quando teve um acidente com um tractor . Nem ela nem a filha, bebé, que levava sentada no colo.

\"Passámos por cima de um pedra grande e,ao meter a mudança, o tractor não travou, começou a fugir, acabou por não tombar, mas foi pura sorte\" recordou. Não ganhou para o susto. Admite que a experiência foi fruto do desleixo. São descuidos destes que o Governo Civil de Bragança quer evitar e, por isso, lançou o Plano de Acção Distrital de Combate à Sinistralidade com Tractores e Máquinas Agrícolas, iniciado, ontem, em Alfândega da Fé.

A situação da região é preocupante. Só este ano morreram 13 pessoas na sequência de acidentes com tractores agrícolas. Números que atiram Trás-os-Montes para os lugares cimeiros no que respeita à sinistralidade com aqueles veículos a níveis nacional e internacional.O problema é \"chocante\" e \"envergonha\" o distrito, conforme referiu Carlos Guerra, responsável pela Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes

Acção em 12 concelhos

Numa tentativa de inverter a tendência, o Governo Civil , em colaboração com aquela direcção regional e a GNR, arrancou com o Plano de Acção Distrital através do lançamento de acções específicas sobre condução teórica e prática, que deverão realizar-se nos 12 concelhos. Objectivo insistir na prevenção. Meios: sensibilização para a necessidade de manusear os tractores e máquinas agrícolas de acordo com as normas de segurança, evitando descuidos e calculando riscos inerentes ao mau uso. \"Algo está mal\", afirmou o governador civil, Jorge Gomes.

Depois de, em 2005, se terverificado que os índices de morte eram elevados, procedeu-se a um estudo e fez-se o perfil das vítimas mortais homens entre os 70 e os 79 anos, 75 % sem carta específica de condução, agricultores a tempo parcial. Conclui-se, ainda, que as condições de segurança não estão criadas na própria máquina, pois não usavam arco de protecção. A maioria dos acidentes ocorreu de dia, em terrenos não acidentados, com bom tempo, \"ao contrário do que julgávamos\", frisa Jorge Gomes. Concluiu-se que há um excesso de facilitismo por parte dos operadores.

Ao contrário do desejado durante a primeira acção de formação, os mais idosos foram os que menos compareceram. \"Não estamos a chegar ao público-alvo, o que era fundamental\" admitiu o governador civil.

Antes desta acção, o Governo Civil introduziu imagens de acidentes com tractores, dramáticas e chocantes, no verso dos impressos das candidaturas aos subsídios de gasóleo agrícola.

Foram, também, propostas várias medidas ao Ministério da Administração Interna, para impor regras na condução das máquinas agrícolas, nomeadamente uma carta específica, ou, pelo menos a obrigatoriedade de possuir carta de condução de ligeiros e uso de cinto de segurança. A GNR vai fazer um trabalho de sensibilização e fiscalização mais intenso e forte.



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