Luis Ferreira

Luis Ferreira

um Seguo para a corrida de Costa

Assistimos nas últimas semanas a uma verdadeira maratona que está a agitar grandemente todas as alas do partido socialista. Poderia ser uma corrida de outsiders, mas não é. A verdade é que devido a enormes divergências internas após as últimas eleições como todos nos lembramos, Seguro foi duramente criticado pelo resultado que, para uns foi uma vitória, para outros foi meia derrota.
A partir dessa altura, Costa, um dos críticos, levantou a voz e fez menção de avançar para a liderança do partido, mas por falta de apoios suficientes, acabou por travar o seu ímpeto e dar o benefício da dúvida ao líder do partido. Mas a verdade é que ele não desistiu de lançar novo ataque a Seguro esperando só o momento e os apoios que foi procurar entretanto.
O congresso acabou por manter Seguro, mas fez agitar as bandeiras da discordância dando a Costa a oportunidade de fazer propostas sérias, mas não habituais dentro do partido. Gerou-se a confusão total, mas Costa teve a primeira vitória ao ver aceite eleições primárias. Para muitos esta novidade era um risco enorme. Outros apostaram na mudança e na novidade. Marcaram-se datas e metas. Estava elaborada a agenda de ambos e delineadas as rotas a percorrer.
Tinha começado a primeira corrida das primárias. A necessidade de contar espingardas dentro das Federações e ver quantas se conseguiam ganhar, era premente. Ambos precisavam de ganhar o máximo de Federações possíveis. Pelos distritos e concelhos do país, ei-los que se cruzam num duelo de promessas e favores com o objetivo de conquistar baluartes.
Terminada a primeira volta, contaram-se os castelos conquistados e os votos expressos. Costa terminava vitorioso, à sua maneira, pois conseguiu dez das dezanove federações, no entanto, essa vitória soube-lhe a derrota, já que Seguro teve mais mil votos do que Costa. Afinal quem ganhou?
Restava agora a segunda corrida desta maratona grandiosa que consegue neste momento desviar todas as atenções do que mais importante possa surgir dentro do país. E será que interessa saber isso? Possivelmente não! E por isso mesmo há que dar a máxima cobertura aos dois protagonistas da maratona. Assim, eis as televisões a apresentar na linha de partida, os dois corredores de fundo, num frente a frente interessante, mas que só deveria interessar verdadeiramente ao partido onde se inserem. Neste diz-que-diz, ganha Seguro, depois Costa e acabam, no fundo por empatar antes de partir. Mas se daqui podemos tirar já algumas ilações, elas podem ser o que cada um disse e prometeu como se fosse já primeiro-ministro deste país à beira-mar plantado. Costa não promete para não falhar e Seguro promete e diz o que todos gostam de ouvir. Deste modo, um é oportunista e outro demagógico!
Mas a maratona ainda não acabou. A verdadeira corrida está marcada para dia 28 e até lá, ambos continuam a percorrer as estradas deste Portugal, levando na bagagem os trunfos que podem para esgrimir aqui e ali, junto dos possíveis votantes. E aqui surge outra novidade. Todos os que quiserem votar, podem inscrever-se como simpatizantes, para no dia 28 exercer o direito de voto no partido que não é o deles, mas que dará vitória a um dos contendores. E a que é que tudo isto leva? A outra situação caricata. São mais os simpatizantes para votar, do que os militantes do partido. Pasme-se!
Perante esta situação um pouco caótica dentro do partido socialista, o que se verifica é que, sendo todos socialistas e todos querendo que o partido vença as próximas eleições legislativas, andam todos virados uns contra os outros, nas várias federações. António Costa esteve em Bragança neste fim-de-semana com os seus apoiantes, numa acção de campanha eleitoral, mas os que estavam ao seu lado, não apoiam Seguro, sendo portanto do contra. E eu pergunto: que sentimento grassa no espírito de cada socialista ao ver os amigos ao lado do adversário do mesmo partido? Que diabo de divisão numa altura em que se pedia uma união forte para que a vitória fosse marcante?!
No dia 28 saber-se-á certamente qual dos dois ganhará a corrida para liderar uma outra maratona que se destina a escolher o primeiro-ministro. Será que algum deles vai lá chegar com todas estas artimanhas? De estranhar é os partidos do governo verem tudo isto e nada fazerem para contrariar o terrível desvio de atenção que tudo isto provoca! Inventem qualquer coisa!


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