Ana Soares

Ana Soares

JMJ: Bem-vindos todos!

“Bem-vindos todos! Bem-vindos também na amplitude ecuménica, interreligiosa e de boa vontade que estes dias têm e congregam. Bem-vindos todos!”. Só esta magnífica mensagem, as palavras iniciais da homília do Cardeal-Patriarca na primeira Missa destas Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) 2023, bastariam para mostrar que somos atores de uma Igreja viva, uma Igreja de braços abertos e que se quer aberta ao mundo! É isto a JMJ 2023!

A JMJ que hoje iniciou em Lisboa, mas cuja felicidade contagiante dos jovens que nela estão a participar se tem sentido nas últimas semanas um pouco por todo o país – e Bragança não foi excepção – é a imagem da vitalidade da Igreja e, não menos importante, que a Igreja é o que todos os Católicos fizermos dela. Já passaram mais de 60 anos desde que a Igreja, abandonando o latim e abraçando a língua de cada região, deu um passo primordial para a aproximação a uma vivência plena, directa e capaz de todos quantos nela acreditamos. E a cada sorriso gerado à Sua Luz, cresce e irradia Fé!

A imagem que me fica destas primeiras horas de JMJ são sorrisos. Sorrisos expontâneos, generosos e sinceros. Sorrisos provenientes da vivência de uma visão alegre da Igreja que é impossível não se tornar contagiosa (e esperemos sinceramente que assim seja). Mas não é a Igreja do discurso, mas sim a Igreja da vida. A Igreja onde consigamos viver no dia-a-dia a felicidade de sentir Cristo nas nossas vidas. A Igreja que ouse usar cânticos diferentes, fora dos tradicionais e usar novas formas de música, para expressar a fé que corre nos seus fieis, como hoje tão bem ouvi um Padre referir na rádio. A Igreja cujos Colégios e escolas canónicas vivenciem nas suas crianças e jovens os princípios desta felicidade e solidariedade e não permitam bullings só pelas chatices que enfrentá-los pode ter. Uma Igreja que não tenha tabus para além dos próprios da Fé e que, pegando nos seus Princípios e Valores, não receie afirmá-los perante os novos tempos, não como castradores, mas como representativos da forma de viver de tantos quantos neles acreditamos. A Igreja que só poderá ser assim, uma comunicadora dos novos tempos, se todos nela assumirmos os nossos papeis além daqueles que nos são fáceis, por acomodação.

Porque é esta a nossa missão como Católicos: falar de Deus, mas sobretudo VIVER DEUS e FAZER SENTIR DEUS através da nossa vida (ainda que sabendo que a grande maioria de nós não é Santo e que, ainda que o aspire fazer, nunca o conseguirá plenamente). Mas com a tranquilidade de saber que é esta busca por “viver Cristo”, este fascínio que hoje se respira na JMJ, que torna a Igreja um templo de pedras vivas. Durante a primeira missa destas JMJ estava a conduzir o meu carro e senti uma paz de espírito, uma energia, uma felicidade que é impossível descrever.

E não se pense, além das nossas próprias dificuldades individuais, que não existem outras na afirmação católica nos nossos dias. Veja-se, a título de exemplo, a procura (quase) obsessiva de problemas, críticas e polémicas à volta da JMJ, a tentativa de desvalorizar o tanto que ela traduz. Mas se virmos também por outro prisma, até a tentativa de publicidade à custa da JMJ de uns poucos, demonstra o tanto que a JMJ, força de paz e juventude, mexe com o que a rodeia. Podem tentar convencer-nos que ser Católico não está na moda, mas nada como milhares de jovens, felizes e expontâneos, para desfazer este mito.

A JMJ iniciou com o hoje São João Paulo II que pedia aos jovens que não tivessem medo de escancarar o coração a Cristo e mais de um milhão, hoje em Lisboa, respondem “presente” fisicamente e tantos outros o fazem à distância. Se a JMJ é oração, é partilha, é festa, é também o resultado da vontade de tantos jovens que trabalharam, se esforçaram, se multiplicaram em iniciativas – da venda de rifas à organização de trabalhos – para conseguir estar presente, pois se a vontade é imprescindível, o dinheiro também não pode faltar. E este é o dinheiro de que importa falar, aquele que estes jovens de tantas origens e nacionalidades diferentes se esforçaram por angariar, porque o outro, o apoio do erário público, está mais do que provado que será largamente compensado (o que infelizmente não acontece com outros investimentos desastrosos…).

Obrigada Jovens Peregrinos! Que todos nós, seguindo o exemplo de Maria e o lema destas JMJ, nos levantemos e partamos apressadamente, mas com a tranquilidade que só se consegue em Cristo, e sejamos multiplicadores de Fé. Que estas JMJ despertem em todos nós a certeza que o mundo é o palco onde todos somos actores e que o filme mundial será aquele que todos nós produzamos. Que todos estes jovens, e os adultos que neles despertaram a Fé e os acompanham nesta caminhada, tenham a percepção do papel tão sublime que têm na “nossa” Igreja. Neste dia em que me sinto tão abençoada por ser parte desta Igreja, peço que todos sejamos capazes de, como nos pede o Papa Francisco, ser sementes de amor e de paz!

Obrigada JMJ!



Partilhar:

+ Crónicas