Graças às novas tecnologias, é hoje em dia possível organizarem-se eventos a nível planetário com a mesma facilidade com que antigamente se organizavam coisas ao nível do bairro ou da aldeia. Com elas, com as novas ferramentas, como se costuma dizer, com o simples carregar numa tecla de computador, podemos interagir e levar ao conhecimento global aquilo que somos e aquilo que temos.
Ora, vem isto a propósito da entrada do Alto Douro Vinhateiro no concurso mundial das «Maravilhas da Natureza», cuja candidatura foi recentemente anunciada e que está agora em curso. Pelo esforço e pela vontade de uns poucos que se deram à canseira de organizar tudo, mais uma vez as maravilhas da nossa região vão ser divulgadas junto de muitos, e por certo na competição que se irá seguir não vamos ficar mal de todo.
A Natureza teve mãos largas quando deu à estampa a nossa terra, e bem pode dizer-se que coisa mais linda não há. Quer dizer, haver, eventualmente há pelo menos com iguais encantos, mas para nós, e com toda a imodéstia, é assim mesmo que vemos e sentimos este «excesso da Natureza», como escreveu Miguel Torga, ele mesmo um excesso na arte de colocar no papel aquilo que a alma sente.
O Doiro, como ele dizia, é uma desmedida da Criação, mas é também por causa da acção do Homem “ no mapa da pequenez que nos coube, a única realidade incomensurável com que podemos assombrar o mundo”, continuando eu a citá-lo. Por isso, mercê do que é estritamente natural, mas também mercê daquilo que gerações de homens, mulheres e crianças até, foram capazes de construir, existe uma região que encanta e atrai até ela gente dos quatro cantos do mundo.
Esta dimensão humana na participação hercúlea em termos de esforço no elevar da obra mãos dadas com a Natureza, é algo que estarrece quem toma pela primeira vez contacto com esta realidade incomensurável que são os milhares de quilómetros de muros de xisto e de patamares onde videiras que ninguém pode contar medram junto de oliveiras que parecem rezar, enquanto cá em baixo um rio não pára de correr, conforme escreveu João de Araújo Correia, outro grande mestre no verter das palavras pelo bico da pena.
Com esta participação no concurso universal pessoas de todas as idades, raças e feitios, irão ficar a saber que esta pérola existe, enquanto outros vão ficar a conhecê-la melhor. Daqui só temos a ganhar, uma vez que está mais que visto que amando-se somente o que se conhece, logo milhares para não dizer milhões, vão ficar a gostar disto que temos por cá, e vão desejar vir ver com os próprios olhos que nestas coisas como noutras são as janelas da alma.
Para o Turismo, a tal «vindima permanente» que tarda em dar mosto que se veja, será um verdadeiro bálsamo e por isso também a região foi metida neste assado como bem sabemos. Andaram pois bem os responsáveis pela candidatura às «Maravilhas do Mundo» em cuja participação por ser mais fácil que jogar ao pião, até uma criança pode intervir. Estão de parabéns pela iniciativa os seus mentores que fizeram a sua obrigação ou se calhar até mais que isso. Agora a mim e si, cabe o mais fácil: Votar pela Internet. É de caras.