Barroso da Fonte

Barroso da Fonte

Carta aberta à Direção da Casa de Trás-os-Montes de Lisboa

Venho felicitar e agradecer o envio das 119 fotos que, por link, me fizeram chegar (e penso que a todos os convidados dessa Centenária Efeméride). Reconheço que a Casa de Trás-os-Montes «inventou» uma nova fórmula cultural, para celebrar os talentos que ADRIANO MOREIRA passa a personificar. Imagino as preocupações, os encargos e pioneirismos que tão brilhante, suculenta e simbólica manifestação moral, cultural e cívica, essa dinâmica Direção prodigalizou na Pessoa admirável do Professor Doutor Adriano Moreira.

As comunidades científicas, sociais e cívicas, devem registar este neologismo, que gratifica, de forma igualitária, democrática e substantiva, os méritos, daqueles que a Sociedade Transmontana, consubstancia, ancestralmente, sem que o poder político valorize esse contributo étnico. O que essa Direção fez foi um grito de alma, um gesto social raro e de uma dimensão nunca testada.

Foi um exemplo único que serviu para ensaiar uma visão diferente das sociedades académicas. O mérito dos cidadãos não deve medir-se pela fita métrica, pela balança das pedreiras, pelo número ou extensão dos prefácios, de entrevistas fictícias, de arranjos florais que a democracia profana e que, cada vez mais, arruína as classes inferiores.

Esta jornada histórica, a propósito do centenário do nascimento de Adriano Moreira, deverá constar na cronologia nacional, como acontecimento único que merece seduzir as estruturas da sociologia universal.

Como Transmontano agradecido, perdulário pelo pouco que fiz, por necessidade de sobrevivência e de incapacidade, por não me fazer ouvir, mais alto e estridente, constituiu para mim, como convidado, um sortilégio que fico a dever ao Júri que como todos aqueles que, de alguma forma, colaboraram para que este centenário tivesse repercussão nacional.

Entre a centena de convidados que, simbolicamente, corresponderam ao número de anos do talentoso Adriano Moreira, estiveram diversos jornalistas, docentes e técnicos de todo o tipo de ferramentas comunicacionais, que, antes, durante e depois do evento, tudo fizeram para levar longe o eco do dia 6 de Setembro de 2022.

Todo esse esforço, de tantas e tantos que possibilitaram esse registo que ficará estampado nas redes sociais, para que marque este centenário, em vida do aniversariante, merecerá mais um esforço, a exemplo que do que foram os quatro Congressos Transmontanos: em 1920, em 1941, em 2002 e em 2020. Acerca dessas quatro manifestações Transmontanas e Alto-durienses, Jorge Nunes, ex-presidente da Câmara M. de Bragança, trouxe a público um grosso volume que servirá de orientação a eventuais estudiosos que procedam ao estudo desta Comemoração do centésimo aniversário do Prof. Doutor Adriano Moreira. Em todos os contextos que tenham a ver com os referidos quatro congressos e com este recente acontecimento, deveriam merecer um álbum, ou em volume documental para memória futura. Com os muitos contributos, orais, escritos, fotográficos e digitais, resultariam numa

hábil maneira de dar sequência ao quinto Congresso que a Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro já deixou antever.

Hirondino Isaías, que liderou, como Presidente da Direção, este homérico acontecimento nacional, já demonstrou, pelo que disse e pelo que proporcionou ver, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, que a nova sede da Casa de Trás-os-Montes vai arrancar e que o V Congresso Transmontano irá realizar-se nos próximos anos.

Aí mesmo foi distribuído aos cerca de 200 participantes, no Pavilhão do Conhecimento, um desdobrável, com o projeto de debate da regionalização. Uma instituição centenária que como o vinho do Porto (também ele Transmontano) que quanto mais velho, mais delicioso se torna. 

Guimarães, 12 de Setembro de 2022

 

 Barroso da Fonte


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