Quando tudo faria esperar que a Câmara Municipal de Bragança começasse a efectuar acções eleitoralistas, já que as eleições estão perto, acontece precisamente o contrário.
As razões para tal facto serão várias possivelmente, mas se por detrás delas esteve alguma intenção de ganhar votos, falhou completamente.
Na verdade, o que aconteceu no passado Dia de Portugal, foi gravíssimo e inesperado. Ninguém com bom senso esperaria que uma coisa destas acontecesse, ainda por cima vinda desta Câmara, que até tem feito as coisa mais ou menos conscientemente, pelo menos até há cerca de meio ano atrás. Daí para cá, ninguém sabe de nada, ninguém trata de nada, ninguém é o responsável por nada e quando se pergunta alguma coisa, remetem tudo para o senhor Presidente. Ele é que sabe!
Pois, talvez porque assim seja, e porque ninguém tem o direito de acumular pelouros e trabalhos, as coisas têm saído um pouco confusas no meio deste centralismo burocrático.
O Dia de Portugal foi agendado pela Câmara Municipal, contendo no seu horário nobre, uma sessão no Centro Cultural Municipal, para homenagear, por proposta de um elemento da Assembleia Municipal aprovada por unanimidade, o Doutor Belarmino Afonso com a Medalha de Mérito do Município. Como isso pareceria eventualmente, de pouca importância para o Município, resolveram acumular uma sessão de toponímia para a qual foram convidados todos os familiares ligados aos nomes a atribuir às ruas desta urbe, os quais, a maior parte, não estão cá, mas fizeram questão de estar presentes. Claro! Não se vem ao Nordeste Transmontano todos os dias, nem se é recebido deste modo, embora os transmontanos estejam sempre de braços abertos para toda a gente.
Mas como era o Dia de Portugal, também se achou por bem convidar D. Duarte Pio de Bragança. A razão para tal convite é inexistente, pelo menos no âmbito protocolar municipal.
Perante tal sessão e com o espaço todo cheio, não estavam presentes nenhuns deputados municipais, nem os líderes parlamentares, já que não foram convidados, como deveriam ter sido, já que o objectivo principal da sessão era da autoria da Assembleia Municipal. Falha gravíssima da Câmara Municipal, que não deve saber como apresentar desculpas pelo facto, a não ser baseada na ineficácia dos serviços, na irresponsabilidade de alguém ou no centralismo que se vem verificando de algum tempo para cá. Seja como for, as desculpas serão sempre tidas como desculpas e mais nada.
Como se tal falha, gravíssima, não bastasse, outras aconteceram, manchando o Dia de Portugal. O homenageado do dia, o eminente e insígne Doutor Belarmino Afonso, recebeu a medalha e quando se preparava para discursar, o que seria lógico e normalíssimo, não lhe foi dada essa oportunidade, mandando-o sentar-se. Só de quem não entende nada de protocolos!!! Não merecia tal atitude e como é natural, ficou certamente muito sentido por esse facto e pela falta de tacto político.
Bem pelo contrário, foram recebidos os outros convidados, os estrangeiros, os que daqui não são ou daqui partiram há muito tempo e agora regressaram para, com toda a pompa e circunstância, ouvir atribuir o nome de um familiar a uma rua de Bragança. Comeram, beberam, riram, mataram saudades, viram amigos e regressaram contentes, até daqui a dez ou quinze anos! Nada faria lembrar mais uma cerimónia fascistas! É pena!
Pois é! Quando a Câmara faz de uma simples cerimónia de toponímia, completamente anómala, o principal objectivo de uma sessão para comemorar o Dia de Portugal e remete o que era essencial para um segundo plano, como era o caso da homenagem ao Doutor Belarmino Afonso, algo está mal. Muito mal.
Para acabar e completar os erros deste dia, falta dizer que nem sequer um representante da Assembleia Municipal estava na Mesa de Honra. Pois é verdade! À falta do seu Presidente, que estava ausente, ninguém convidou para a Mesa o Primeiro Secretário da Mesa da Assembleia ou, na falta deste a Segunda Secretária. Isto é de bradar aos céus!
Parece que não é preciso dizer mais nada para concluirmos que a ir assim, a Câmara Municipal, entrou em derrapagem numa altura em que é preciso contabilizar votos e não perdê-los como está a acontecer! Afinal, como diz o ditado, nem tudo são favas contadas, e até ao lavar dos cestos ainda é vindima!!!