Ana Soares

Ana Soares

A ti, neste dia dos Irmãos

Tomei conhecimento do Dia dos Irmãos pelo Amigo José e Ribeiro e Castro e, desde logo, mereceu o meu aplauso. E tomo-o como meu, para te dizer o que tantas vezes penso.

Não tenho, nem poderia ter, memória das nossas brincadeiras, arrufos e partidas de criança. Partiste cedo demais para que isso acontecesse. Vivo-te, no entanto, a cada dia e sei que partilhamos as gargalhadas dos bons momentos e as lágrimas e o medo nos momentos mais difíceis. Muitas vezes falo contigo e sinto a tua presença no meu dia-a-dia; a “estrelinha que me guia”, como tantas vezes digo, e que sei ser bem mais do que sorte. Dou graças a Deus por ser tua Irmã.

Cresci a ouvir falar de ti. Sempre adorei, e adoro, que me contem episódios da tua vida e que me falem do Mano Raúl, que me digam que determinado gesto meu é igual ao que tu fazias ou que somos parecidos neste ou naquele pormenor físico (mesmo que, às vezes, acredite que é a amizade de quem nos acompanha que força a parecença, tanto quanto um ruivo de olhos verdes pode ter em comum com uma morena de olhos castanhos). Sinto, enfim, muito orgulho quando ainda hoje, mais de 32 anos passados, os teus Amigos vão à tua capela e acendem uma vela ou te deixam uma flor. Passado tanto tempo, é sinónimo de teres sido (e continuares a ser) querido e amado e só assim é com pessoas especiais. E o amor é o que mais poderoso há na vida.

Sei que, se estivesses fisicamente entre nós, terias já provavelmente a tua Família e seria ela o teu foco principal, como é natural e desejável. Mas sei também que os anos que viveste foram anos em que soubeste sempre amar e que foste muito amado e isso - acredita na tua Irmã - é mais importante do que o gelo e a dor que as saudades nunca vão permitir quebrar.

Sempre ouvi dizer que o melhor legado que os Pais podem deixar aos seus Filhos é criar esse elo único e irrepetível, sinónimo de felicidade e amor, que é ser Irmão. Penso nisso com frequência, nesta sociedade em que tantas vezes reduzimos a opção de ter mais um Filho à ditadura fria e rígida dos números da conta bancária, pois a dura realidade teima em contrariar os sonhos e os planos familiares. Mas espero um dia, com a Graça de Deus, poder dar à nossa Princesa um Irmão, na certeza que, tal como hoje fazes com ela e comigo, os verás crescer, de onde estás, e intercederás por eles. Ainda no outro dia explicava à nossa Ana, enquanto ela se admirava com as estrelinhas e luas florescentes no tecto do quarto, que o brilho das estrelas e do luar (que mais não é que o teu nome ao contrário) que ela vê no Céu é o Tio a sorrir para ela.

Continuarei, por nós os dois, a tentar ser um motivo de orgulho para os nossos Pais e de referência para a minha Filha, tua Sobrinha. Da minha parte, a ti, neste dia dos Irmãos, resta-me reiterar o amor que as palavras não explicam, que o facto de não estares entre nós não quebra e agradecer-te hoje, e sempre, por brilhares em mim e por mim a cada dia e por seres – porque o continuas a ser – meu Irmão. Amo-te.


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