The Fladgate Partnership, grupo que detém as marcas de vinho do Porto Taylors, Fonseca, Croft e Delaforce, assinou no sábado um acordo para a compra de 25% dos stocks de vinhos velhos da Casa do Douro. Em causa estão quase 500 milhões de litros de vinhos, na sua grande maioria com cerca de 10 anos.

David Guimaraens, enólogo da Fladgate Partnership, confirmou ao DN o negócio e explicou que \"embora a compra não fosse fundamental para o grupo\", a Fladgate quis simultaneamente mostrar que \"acredita no sector do vinho do Porto\" e \"contribuir para ajudar à resolução do problema dos elevados stocks da cada do Douro e das suas dívidas\". Uma situação \"que paira sobre o sector há demasiados anos, e que impede que avance e se enfrentem conjuntamente e com outros olhos os desafios que a todos se nos deparam\", defende.

The Fladgate Partnership ocupa a quarta posição do ranking das vendas do sector, em volume, com 11,7%, atrás do grupo Symington (22,3%), Cruz (20,5%) e Sogrape (15,4%). E o grupo orgulha-se de salientar ser o única a manter-se \"exclusivamente empenhado na produção de vinho do Porto, não tenho diversificado para a produção de vinho de mesa\". No comunicado que hoje será divulgado, a Fladgate sublinha que \"o empenho exclusivo no vinho do Porto é concentrado nas vendas de categorias especiais, em que o grupo é responsável pelas vendas de 30% destas\".

Para Adrian Brigde, director-geral do grupo, este é um importante passo que está a ser dado para \"ajudar a resolver a dificuldade que a Casa do Douro enfrenta há anos e que ensombra toda a indústria do vinho do Porto\". E salienta: \"Apesar de não ser um dos grandes grupos do sector, em volume, temos um papel de liderança indiscutível a nível mundial e acreditamos convictamente no futuro do vinho do Porto.\"

Para Adrian Bridge, esta aquisição vai ajudar a instituição duriense a resolver \"alguns dos seus problemas\", bem como a melhorar as condições dos agricultores, que \"são a fonte da indústria do vinho do Porto\". O principal responsável da Fladgate Partnership lembra que os armazéns do grupo contam com \"extensos stocks\", pelo que a compra destes vinhos não era \"absolutamente necessária\", mas \"estamos em crer que vamos conseguir desenvolver mais mercados para o vinho do Porto\".

Nos últimos dez anos, as vendas das categorias especiais de \"Porto\" cresceram 105 mil caixas, sendo que as marcas da Fladgate Partnership foram responsáveis por 73% deste crescimento. Para Adrian Bridge reside aqui a explicação para a focagem do grupo no vinho do Porto e a recusa em diversificação para os vinhos de mesa.

\"Estamos demasiado ocupados a promover o crescimento dos vinhos do Porto de qualidade. O facto da nossa empresa ser responsável por 3/4 destes crescimentos é um testemunho das nossas excepcionais castas de vinho do Porto e para o árduo trabalho que temos na manutenção dos elevados níveis de qualidade dos nossos vinhos.\"

Adrian Bridge está apostado em fazer deste acordo algo que possa servir de modelo para todos. \"Queremos que seja, sobretudo o exemplo de como comerciantes e produtores devem trabalhar em conjunto para ajudar a promover este produto extraordinário e único que é o vinho do Porto\", diz. Razão porque sugere que os três grandes grupos do sector avancem com a compra dos restantes stocks da Casa do Douro, para que \"finalmente se resolva este problema\".

Uma sugestão que surge a terminar o comunicado e que David Guimaraens apoia totalmente. \"Esperemos que os outros grupos sigam o exemplo. Este é um esforço grande e para muitos anos, é certo, mas que compete a todas as empresas do sector\", defende.



PARTILHAR:

Professor de 56 anos

Campanha Olivícola 2007/08