O Plano de Desenvolvimento Turístico do Vale do Douro (PDTVD) continua na gaveta do Governo, mas os autarcas da região até nem se mostram surpreendidos com isso. Ao longo dos anos foram-se habituando a promessas em catadupa, que depois não são cumpridas, pelo que mais uma ou menos uma já pouca diferença faz. A própria desilusão que invade alguns deles já não tem a mesma força de outras épocas.

O PDTVD foi apresentado, com pompa e circunstância, no dia 8 de Maio deste ano, durante uma viagem de barco no rio Douro em que participaram o então primeiro-ministro, Durão Barroso, e uma série de ministros. Num radioso dia de sol, era dado a conhecer um plano estratégico prometedor, cujo principal objectivo é tornar a região um destino turístico de referência, aproveitando, de forma sustentada, as inúmeras potencialidades para criar riqueza. Passados sete meses, o plano nem sequer foi a Conselho de Ministros.

O Douro anda há mais de uma década a ouvir falar de planos para desenvolver a região foi o Prodouro, de Cavaco Silva; o Prodouro remodelado, de António Guterres; e agora o PDTVD, de Durão Barroso.

Entre os autarcas reina a quase total descrença. E nem se mostram admirados pela actual situação. O mais cáustico é o de Carrazeda de Ansiães, o social-democrata Eugénio de Castro \"Não acredito em iniciativas como esta, apresentadas com pompa e que não passam disso. O espectáculo que interessava aos políticos foi feito; a concretização do plano fica para as calendas gregas\".

Lima Costa, o também social-democrata presidente da Câmara de S. João da Pesqueira, gostaria de poder ter um discurso optimista. Resignado, sublinha que \"os durienses estão habituados aos atrasos\", mas não os compreendem. A esperança que Lima Costa, apesar e tudo, mantém no futuro, esbarra na \"preocupação\" do homólogo socialista de Murça. João Teixeira pensa que os durienses \"têm vivido na ilusão\" e assistem à \"estagnação\" de um dos maiores potenciais turísticos do país.

Enquanto isso, \"o país vai continuar a inclinar-se para o litoral\", opina o edil eleito pelo PS em Alijó, Artur Cascarejo, para quem a culpa é de não se ter feito a regionalização. \"Se tivesse sido feita e tivéssemos uma voz forte em Trás-os-Montes e Alto Douro, poderíamos exigir o cumprimento das promessas\", frisa.

O presidente da Região de Turismo da Serra do Marão, Correia de Barros, não alinha pelo mesmo diapasão dos autarcas. Prefere continuar a ter uma \"visão construtiva\" da política e a acreditar que o PDTVD só ainda não teve o aval do Governo devido a duas situações a saída de Durão Barroso para a Comissão Europeia e a curta duração do Governo de Santana Lopes.

Este dirigente concorda que em sete meses houve tempo de sobra para aprovar um plano que é reputado de alta importância para o Douro, e que até tem pouco de novo, desculpando a demora com as características do país \"Portugal é pouco célere em quase tudo\".



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